Autor
José Braz Matiello – Engenheiro agrônomo do MAPA/Procafé – jb.matiello@gmail.com
A ferrugem do cafeeiro, causada pelo fungo Hemileia vastatrix, apareceu no Brasil em janeiro de 1970, na Bahia, e logo se disseminou para todas as regiões cafeeiras do País. Já em março de 1970 foi constatada no Espírito Santo, em junho/70 em Minas Gerais, em jan/71 em São Paulo e em out/71 no Paraná, mostrando a facilidade de disseminação da doença.
Os programas de controle executados no início previam a erradicação-exclusão, mas logo verificou-se a impossibilidade dessas medidas e passou-se a um programa de convivência baseado em três pilares:
1) Pesquisa e difusão de tecnologias – para tornar o controle eficiente e econômico.
2) Renovação de cafezais: com zoneamento, sistemas novos de plantio, para viabilizar produtividade e facilitar o controle.
3) Crédito para viabilizar novos plantios e a adaptação de lavouras: investimento e custeio. Como resultado foi obtida a implantação de cerca de dois milhões de hectares de cafezais renovados, os quais constituem a base da nova cafeicultura brasileira, mais produtiva e moderna.
Controle químico
Com as lavouras renovadas a prioridade passou a ser o controle químico da doença, pois todo o parque cafeeiro era constituído de variedades, como a Mundo Novo e a Catuai, suscetíveis à ferrugem.
Nos 10 últimos anos tem sido feita a introdução gradativa de novas variedades, que possuem resistência à ferrugem.
Evolução
Na 4ª etapa, que aconteceu de 1980-90, houve viabilização do controle com fungicidas sistêmicos via solo, sendo uma evolução marcante no controle químico da ferrugem especialmente a partir de 1985-87, quando foi viabilizado o uso extensivo de produtos sistêmicos triazóis via solo, uma inovação tecnológica desenvolvida inteiramente no Brasil – um dos primeiros casos de sucesso de uso dessa modalidade a nível mundial.
Na 5ª etapa, de 1990 a 2000, houve a expansão no uso dos fungicidas triazóis, com a entrada no mercado de novos produtos, principalmente para uso via foliar – Epoxiconazole, Hexaconazole, Triadimenol + Tebuconazole e o Tetraconazole.
Passou-se a usar o sistema curativo-protetivo – com triazóis em duas aplicações foliares, com intervalo de 60 dias. Também passou-se a utilizar formulações à base de Cyproconazole via solo, granuladeiras para enterrar os produtos granulados e se iniciou a associação do controle da cercosporiose e ferrugem – cúprico foliar mais mistura fungicida/inseticida via solo.
Nessa mesma etapa verificou-se o efeito na ferrugem da 1ª estrobilurina – o Azoxystrobin, o efeito hormonal dos triazóis via solo e foi lançada a Calda Viçosa – micronutrientes, sulfato de cobre e cal.
Na 6ª etapa (2000-2019) houve evolução para uma integração dos sistemas de controle, com a estratégia de associar sistemas de aplicação e produtos com ativos diferenciados, devido à redução de eficiência no uso dos fungicidas triazóis isoladamente, principalmente na modalidade via solo. Inicialmente eram programas com mistura ou a alternância de triazóis com estrobirulinas, depois formulações já prontas, com esses grupos fungicidas.
Na 7ª etapa, em que nos encontramos atualmente, têm sido introduzidas formulações com carboxamidas e formulações com combinações de ativos antigos, multissítios (mancozeb, clorotalonil e cobre) para quebra de resistência, combinados com produtos atuais, à semelhança do que se faz com a ferrugem da soja.
Opções
Os sistemas de controle que podem ser usados para a ferrugem do cafeeiro são:
– Controle protetivo: fungicidas protetores, basicamente à base de cobre. Atualmente, apenas em combinação.
– Controle protetivo curativo via foliar: pulverizações com fungicidas sistêmicos, triazóis ou suas combinações com outros fungicidas, como as estrobirulinas e os cúpricos.
– Controle preventivo-curativo via solo: com fungicidas triazóis mais translocáveis, absorvidos pelo sistema radicular do cafeeiro.
Na prática, é mais usada a combinação dos três sistemas de controle, com associação de aplicações via solo com foliares e associação de produtos protetivos com sistêmicos.
A doença – fatores influentes
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