Autores
Vitor Muller Anunciato – Engenheiro agrônomo, mestre em Agricultura e doutorando em Proteção de Plantas – UNESP – Botucatu – vitor.muller@gmail.com
Roque de Carvalho Dias – Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Proteção de Plantas – UNESP – Botucatu – roquediasagro@gmail.com
Leandro Bianchi – Engenheiro agrônomo, mestre em Agricultura e doutorando em Proteção de Plantas – UNESP – Botucatu – leandro_bianchii@hotmail.com
Samara Moreira Perissato – Engenheira agrônoma, mestre e doutoranda em Agricultura – UNESP – Botucatu – samaraperissato@gmail.com

O mundo agrícola vive hoje uma nova transformação: a expansão do uso de produtos biológicos em complementariedade a produtos químicos. Os produtos biológicos são definidos como o uso de organismos vivos, geralmente bactérias, fungos e insetos, para proteger e fortalecer outros organismos, geralmente culturas agrícolas, contra vários tipos de pragas e doenças, podendo também atuar como condicionadores do solo e na fertilização das plantas cultivadas.
Essa nova fase da agricultura é pautada pela combinação da busca por novos incrementos de produtividade e novos padrões de sustentabilidade exigidos pela sociedade e desejados pelos agricultores. Os produtos biológicos já são uma realidade e serão cada vez mais utilizados em combinação com os químicos.
Entre outras razões, o uso de técnicas de controle combinadas, como o controle químico em conjunto com o biológico, visa a diminuição do risco de desenvolvimento da resistência adquirida em patógenos e pragas ou para auxiliar no controle dos mesmos, aumentando a efetividade do controle por meio da diversidade de meios de controle.
Biológicos
O uso do controle biológico como alternativa à resistência de pragas e doenças ao controle químico é tão promissor que muitas empresas que desenvolvem produtos para controle químico estão fazendo-o com base no controle biológico e focando principalmente naqueles alvos que possuem resistência comprovada a algum tipo de controle químico.
Aliado à eminente necessidade de novas alternativas no manejo fitossanitário, essas empresas possuem ferramentas muito potentes à disposição para atender a essa demanda. O desenvolvimento, na última década, da tecnologia de DNA, tornou possível estudar em detalhes as interações entre agentes de controle biológico, a praga/doença e o hospedeiro (planta cultivada).
Por exemplo, isso levou à percepção de que o Trichoderma harzianum, um fungo que pode colonizar raízes de plantas cultivadas, é um micoparasita que controla fungos de raízes como Botrytis, Fusarium e Penicillium sp. Além de controlar alguns patógenos de raízes, ele também induz respostas imunes contra o patógeno no hospedeiro, tornando o hospedeiro mais preparado para o ataque.
Versatilidade
Assim como os produtos químicos não são utilizados somente para controle de pragas e doenças, como por exemplo os fertilizantes e estimulantes, os produtos biológicos também podem ser utilizados para outras finalidades, que não sejam fitossanitárias.
Alguns desses outros usos de agentes biológicos já são até mais consagrados do que o seu uso como defensivo, como por exemplo, os inoculantes contendo bactérias formadoras de nódulos nas raízes das plantas (rizóbios). Esses trabalham na fixação biológica de nitrogênio, podendo dispensar a adição química desse nutriente.
Outro agente biológico que todos conhecemos e que passa desapercebido por muitos são as minhocas, que trabalham diretamente na estruturação do solo, favorecendo a descompactação e infiltração do mesmo. Portanto, são inúmeras as aplicações que pode se dar aos produtos biológicos, e esses trabalham em conjunto com os produtos químicos de forma a aumentar a produção agrícola, melhorando a qualidade da mesma e auxiliando a reduzir possíveis impactos ambientais gerados pela atividade agrícola.
Manejo de aplicação
Existem dois tipos de uso dos agentes biológicos que podem ser adotados:
Ü Controle biológico clássico: introdução por meio de importação e colonização de predadores ou parasitoides, focando no controle de pragas exóticas, ocasionalmente nativos. A liberação é realizada com um número reduzido de indivíduos por algumas vezes no local, como uma medida de controle a longo prazo, pois a população dos inimigos naturais tende a aumentar com o passar do tempo e, portanto, somente se aplica a culturas especificas como semiperenes ou perenes.
Ü Controle biológico aplicado: trata-se de liberações em massa de predadores ou parasitoides, após criação laboratorial de larga escala. Esse tipo de controle biológico é bem aceito pelo mercado, pois tem um tipo de ação rápida, muito semelhante à de inseticidas convencionais.
Apesar dos dois tipos serem termos mais utilizados para controle de pragas e doenças, pode-se fazer uma analogia do mesmo para os condicionadores de solo, uma vez que se pode inserir pontualmente esses na área de cultivo e propiciar condições favoráveis para que esse se instale na mesma.
Ainda, pode-se fazer a liberação em massa do mesmo na área e propiciar condições para que essa população se mantenha, podendo diminuir gradualmente a quantidade de organismos liberados na área com o passar do tempo.
Técnicas
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