Vanessa Alves Gomes – Engenheira agrônoma, mestre em Fitopatologia e doutoranda em Proteção de Plantas – UNESP/Botucatu –vavvgomes@gmail.com
Carolina Alves Gomes – Graduanda em Agronomia – UFV/CRP – carol.agomes11@gmail.com
Fabíola de Jesus Silva – Engenheira agrônoma, mestre em Produção Vegetal e doutora em Fitopatologia pela UFLA – fa.agronomia@gmail.com
A cultura do café sofreu inúmeras modificações quanto à densidade de plantio (número de pés de café por hectare) com o passar dos anos. Nos primórdios, o número de plantas por hectare girava em torno de 800, que cresceu para 5.000 e até 10.000 em casos extremos nos últimos 40 a 50 anos. Há, ainda, produtores que adotam sistemas de superadensamento, podendo chegar a 17.000 plantas por hectare.
O aumento na população de plantas implica um acréscimo na produção de café por unidade de área nas primeiras safras. Em contrapartida, a densidade ideal para uma produtividade máxima varia de acordo com a região.
Qual a densidade ideal?
O número de plantas em uma dada área depende do espaçamento entre plantas e entrelinhas. A cafeicultura brasileira apresenta maiores produtividades na densidade de 10.000 plantas/ha.
A escolha da densidade está diretamente relacionada com as condições do produtor. É necessário observar as características da área, as técnicas de manejo adotadas, bem como a tecnificação disponível. Áreas muito declivosas não possibilitam uso de maquinários, sendo necessário realizar os tratos culturais e a colheita manual.
Nestes casos, são recomendados espaçamentos menores para melhor uso da área e melhores produtividades (espaçamentos em torno de 2,0m x 0,4m). Já em áreas planas, que permitem o uso de práticas mecanizadas, é possível realizar a colheita mecanizada. Aqui, é importante respeitar o espaçamento de acordo com o maquinário utilizado (espaçamentos em torno de 4,0 m x 0,4 m).
E a produtividade?
A necessidade de aumentar a densidade de plantas surgiu devido a este aumento ser diretamente proporcional ao aumento da produtividade. A produtividade média do café é de 31,6 sacas por hectare no Brasil.
Mas, é preciso entender que outros fatores influenciam na produtividade, além da densidade de plantas. Um bom manejo de pragas, doenças e plantas daninhas, bem como adubação e irrigação interferem largamente na produtividade das lavouras.
Nos modelos com baixa densidade de plantas, a produtividade depende ainda mais de cada planta. Assim, é preciso promover o máximo desenvolvimento do cafeeiro para aumentar o número e tamanho dos ramos plagiotrópicos. Consequentemente, há um aumento no número de nós produtivos em cada planta.
Como há alta incidência de luz neste sistema, resulta num maior número de frutos por nó. Por outro lado, nos modelos com maior densidade de plantas, a produtividade depende do número de plantas. É exigido menos de cada planta, entretanto, há um menor número de nós por ramo e um menor número de frutos por nó.
Em cultivos mais adensados, com o crescimento das plantas há um fechamento da lavoura mais rápido. Isto dificulta os tratos culturais, reduz a produção por causa da concorrência entre plantas, além do fato de favorecer alguns patógenos.
O microclima adequado para muitos patógenos torna necessário avaliar a severidade das doenças presentes na área com mais frequência, bem como como realizar o monitoramento periódico de pragas. Deste modo, é possível controlar antes de atingirem o nível de dano econômico.
Fique de olho
Outro problema que pode ser observado em cultivos mais adensados é a perda de ramos produtivos da base da planta, devido à baixa incidência solar, reduzindo, consequentemente, a produtividade.
Já as lavouras com menor número de plantas, como nos casos dos cultivos mecanizados, apresentam um fechamento da área mais demorado. Deste modo, medidas fitossanitárias são menos exigentes nos primeiros anos.
Nestes casos, as lavouras velhas apresentam menores necessidades de podas. No entanto, o controle de plantas daninhas requer mais atenção nos primeiros anos para otimizar o rendimento de operações de fertilização, além dos cuidados de manter as entrelinhas cobertas, visando prevenir erosões e a utilização mais eficiente dos fertilizantes aplicados.
Mecanização x manual
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