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quinta-feira, janeiro 23, 2025
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Vantagens do gesso na silvicultura

Jose Geraldo Mageste

jgmageste@ufu.br

Wedisson Oliveira Santos

wedisson.santos@ufu.br

Araína Batista Hulmmann

araina@ufu.br

Professores do Instituto de Ciências Agrárias (Solos) – Universidade Federal de Uberlândia – UFU

No Cerrado brasileiro, onde ocorre atualmente grande expansão agrícola e silvícola, há predominância de solos de baixa fertilidade natural, com baixos teores disponíveis de cálcio (Ca) e elevada saturação por alumínio (Al) ao longo do perfil.

Tal condição dificulta às diferentes culturas, incluindo as florestais, crescimento radicular no subsolo, tornando os povoamentos menos produtivos e mais susceptíveis a períodos de déficit hídrico.

Portanto, propõe-se aqui elucidar a importância da gessagem na silvicultura como uma prática altamente recomendada para o condicionamento químico de camadas subsuperficiais de solos com elevada acidez trocável subsuperficial ou baixa disponibilidade de Ca.

Benefícios

A calagem se configura como importante medida para correção da acidez dos solos. Entretanto, o efeito da calagem geralmente é restrito à camada superficial do solo, ou às camadas mais profundas, quando há incorporação do corretivo.

De fato, efeitos positivos da calagem profunda na produção de culturas têm demonstrado que a condição química do subsolo deve ser considerada no manejo dos povoamentos. Não obstante, a incorporação do calcário a grandes profundidades geralmente é onerosa, tornando-se economicamente inviável para a silvicultura.

Por outro lado, há expressivo número de publicações que indicam que a gessagem pode minorar a acidez do subsolo (Al3+) ou enriquecê-lo com Ca e enxofre (S), sem a necessidade de incorporação do gesso agrícola (CaSO4.2H2O).

Efeitos da gessagem no perfil do solo, condicionando em diminuição da atividade do Al3+ e aumentos dos teores de Ca e S no subsolo, devem-se ao ânion sulfato (SO42-), componente do gesso, que se desloca com certa facilidade no perfil do solo, principalmente nas camadas mais superficiais, devido à repelência que sofre pelas cargas negativas das argilas minerais e orgânicas.

Com a repelência, o S-SO42- ganha mobilidade no solo, e atraindo cátions como o Ca2+ estabelece interações (Ca2+: SO42-) que possibilitam a movimentação conjunta do par iônico. Assim, o subsolo é também enriquecido com Ca2+, que por efeito de diluição pode trocar-se parcialmente com o Al3+ na CTC, diminuindo o m% e aumentando a força iônica da solução, o que promove diminuição da atividade toxica do Al3+.

Existem inúmeras vantagens da aplicação do gesso na silvicultura, para espécies tropicais de pinus, eucalipto ou seringueira. Tratam-se de culturas consideradas perenes ou semi-perenes, que permanecem por muitos anos numa mesma área, explorando um volume muito maior de solos do que muitas culturas agrícolas anuais.

Por outro lado, a silvicultura no Brasil povoa solos de baixa fertilidade natural, geralmente com baixa CTC (Capacidade de troca catiônica) ou baixa saturação por bases (V).  Acrescente-se a este quadro a baixa concentração de argila em muitas áreas onde se cultiva essas espécies.

Apesar de profundos, muitos dos solos ocupados pela silvicultura possuem teores de argila inferiores a 10%, portanto, além de pouco férteis também têm baixa capacidade de retenção de água, deixando os povoamentos mais vulneráveis a déficits hídricos.

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