Dhyene Rayne dos Santos Becker
Mestranda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará (UFPA)
drayneagro@gmail.com
Pablo Henrique de Almeida Oliveira
Mestrando em Produção Vegetal – UFRPE
pablohenrickk@gmail.com
André dos Santos Melo
Mestrando em Entomologia – UFRPE
andre.mello004@gmail.com
O modelo de produção orgânica é caraterizado pela não utilização de agrotóxicos, fertilizantes sintéticos, sementes modificadas e intensa mecanização de atividades, com objetivo de reduzir os impactos ambientais e visando uma produção mais saudável e sustentável.
Para Machado (2017), um modelo de produção sustentável é fundamental para garantia de segurança alimentar e nutricional, pois há insegurança alimentar quando se produz alimentos sem respeito ao meio ambiente, com uso descontrolado de agrotóxicos, sem respeito aos princípios de precaução, consumo exagerado de alimentos que fazem mal à saúde e que induzem o distanciamento de hábitos tradicionais de alimentação (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2018).
Para tanto, a segurança alimentar e nutricional demanda estratégias de garantia de acesso à produção de alimentos de forma sustentável, fortalecimento da agricultura familiar, produção orgânica e agroecológica (Bustamante e Dias, 2014).
Produtos orgânicos
Para que um produto seja considerado orgânico é necessário que todo o processo de produção até a distribuição seja conforme os procedimentos legais estabelecidos para tal classificação. Assim, os produtos orgânicos devem ser produzidos sem a utilização de agrotóxicos, hormônios, drogas veterinárias, adubos químicos, antibióticos ou transgênicos em qualquer fase da produção (Domingues, 2015).
Segundo o Ministério de Agricultura e Pecuária (2019), o estabelecimento de normas para regular a produção, o processamento, a certificação e a comercialização de produtos orgânicos surgiu da necessidade de os consumidores terem segurança quanto à qualidade dos produtos que adquirem, pelo filão de mercado que surgiu em vários países, impulsionado pelo crescimento da demanda por produtos cultivados com métodos da agricultura orgânica.
A importância da certificação, além da garantia da qualidade do produto/serviço ao consumidor, está na regulamentação dos processos e tecnologias de produção necessárias para a manutenção de padrões éticos do movimento orgânico e credibilidade do produto e produtor no comércio (Mapa, 2019).
A agricultura orgânica contribui significativamente para um manejo mais adequado do meio ambiente, com a não poluição de produtos químicos, a conservação do solo e da água, uma alimentação mais saudável para a população e com a conservação da biodiversidade.
Plantas alimentícias não convencionais
Um modelo de produção diferenciado e sustentável que se encontra em expansão no Brasil é a utilização de Plantas Alimentícias Não Convencionais, conhecidas pelo acrônimo PANC.
As PANC’s são vegetais que não fazem parte dos hábitos alimentares da maior parte da população. Essas, muitas vezes, crescem espontaneamente e por esse motivo erroneamente as pessoas denominam de “mato”, “invasora”, “daninhas” ou “inços” (Kinupp e Lorenzi, 2014).
As PANC’s são vegetais não tão conhecidos por boa parte da população. A falta de conhecimento sobre esses vegetais está diretamente relacionada à reduzida informação, principalmente sobre dados de importância nutritiva, formas de utilização e manejo, e também pode estar ligada à erosão do conhecimento sobre tais vegetais (Paschoal et al., 2016). Resultados como esse têm levado ao desaparecimento de inúmeras plantas que poderiam constituir fonte de alimento e renda (Mapa, 2010; Kinupp e Lorenzi, 2014).
As principais espécies citadas em estudos sobre as PANCs são: alfavaca (Ocimum campechianum Mill.), bertalha (Anredera cordifolia (Tem.) Steenis), carás (Dioscorea spp.) jambu (Acmella oleraceae (L.) R. K. Jansen), inhame (Colocasia esculenta v. antiquorum (Schott) F. T. Hubb. & Rehder) e ora-pra-nóbis (Pereskia bleo (Kunth) DC.).
No consumo dessas destacam-se a utilização de folhas, flores, sementes e caule. Nos trabalhos, ainda é destaque a transmissão dos saberes ao longo das gerações a respeito do uso de plantas na alimentação.
As plantas alimentícias não convencionais costumam ser cultivadas em escala doméstica, destacando-se na alimentação da agricultura familiar, visto serem cultivadas em maior parte pelos pequenos produtores familiares.
Consumo e produção
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