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quinta-feira, janeiro 23, 2025
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Razões para analisar folhas do cafeeiro

 

Hélio Casale

Engenheiro agrônomo, consultor, cafeicultor, e membro do Conselho Editorial da Agro DBO

hecasale@terra.com.br

Por que analisar as folhas - Crédito Shutterstock
Por que analisar as folhas – Crédito Shutterstock

O parque cafeeiro evoluiu, mas ainda pode melhorar muito mais. Os fertilizantes estão a cada diamais caros, o custo anual de uma lavoura de café sobe ano a ano, as chuvas estão irregulares e a incerteza de boa colheita é uma realidade.

São cerca de 52 fatores de produção de ordemfísica, química e biológica que estão interferindo positiva ou negativamenteno resultado final. O cafeicultor tem como obrigação monitorar seriamente os diferentes fatores de produção, de maneira a conseguir produtividade máxima econômica.

As análises

Inúmerassãoasferramentas que estão à disposição dos técnicos e dos cafeicultores, sendo uma das mais importantes a análise foliar de rotina, para avaliar o quanto a planta absorveu dos nutrientesprincipais, se está sobrando, faltando ou está adequado para aquela época do ano e com a produção esperada.

Tempos atrás, o professor da ESALQ/USP, Eurípedes Malavolta, capitaneouum programade Pesquisa e Desenvolvimento – P&D criado dentrodeumagrandeempresa com largos plantios de café, cítricos, cana-de-açúcar e cacau.

O Dr. JoséPerez Romero foi o braço direito do professor naquela empreitada e eu fui secretário-executivo daquele programa. Época de muito trabalho e muito aprendizado.As pesquisas eram criadas e implantadas no campo visando atender as necessidades básicas de cada cultura, de maneira a se obter produtividade máxima econômica.

Uma dessas pesquisas foi implementadacomaanálise foliar docafeeiro.Foramselecionadas11 glebas das variedades Mundo Novo, Catuaí e Bourbon, com produtividademédiaacima de 30 a40 sacas beneficiadas por hectare. A cada dois meses eram amostradas/analisadas folhas recém-amadurecidas, em ramos a meia altura das plantas,e levadas ao laboratório paraanálisecompletadosmacro e micronutrientes.

 A análise foliar avalia o quanto a planta absorveu dos nutrientes -  Crédito Marcelo Linhares
A análise foliar avalia o quanto a planta absorveu dos nutrientes – Crédito Marcelo Linhares

O experimento

Foram 44 amostras em 11 glebas (484 amostras)durante88 meses, ouseja, mais de sete anos de duração do tal experimento.Os dados foram devidamente tabulados pelo professor Malavolta e estão na tabela a seguir.

Observe-se a variação do manganês e sua concentração maior na pré-florada. Faltou manganês na florada, o pegamento é reduzido. Manganês acima de 600 é tóxico e abaixo de100 é falta grave, que leva ao prejuízo.

Resposta do cafeeiro ao manganês

Latossolo Vermelho de Utinga, Bahia

Manganês disponível no solo 5ppm (Mehlich) ” manganês nas folhas 10 ppm

Tratamentos

Litroscaféda roça20plantas

Produção relativa%

1. Testemunha

42

100

2. Esterco de curral – 20 litros por cova

50

119

3. Sulfato de amônio – 200 gramas /cova

100

232

4. Sulfato de manganês – 1% 2 foliares + esterco de curral – 20 litros por cova

123

292

5. Sulfato de manganês -100 gramas por cova ” no solo

132

314

6. Sulfato de manganês – 1% + sulfato de ferro a 2%

150

357

7. Sulfato de manganês “1%, 2 foliares

163

388

Fonte: Matiello et. al ” PROCAFÉ

 

Abaixo os resultados de um experimento feito pelo pesquisador José Braz. Matiello e equipe, na região de Utinga (BA), onde se pode ver claramente a importância desse micronutriente. Doses excessivas de calcário e falta de monitoramentona fase de pré-florada podem ser decisivos para o lucro ou o prejuízo.

Observartambémas 13 relações entre nutrientes que, na prática, são muito mais importantes que os teores absolutos.A seguir a justificativa para cada uma das relações escolhidas.

  • N/P – o nitrogênio, como a purina ou a pirimidina(bases nitrogenadas) e fósforo com ácido fosfórico, com proporções fixas nos ácidos nucleicos (DNA e RNA).
  • N/K – nitrogênioe potássio estão juntos em vários processos relacionados com vegetação e crescimento. Sem nitrogênio o potássio não funciona e vice-versa.
  • N/S – as proteínas são formadas de unidadeschamadas aminoácidos. Alguns aminoácidos, como por exemploa cisteína, cistina, metionina e taurina contêm enxofre. Todas as proteínas vegetais possuem aminoácidos sulfurados etodos os aminoácidos contêm nitrogênio. Daí existir uma proporçãodeterminada entre o N e o S.
  • N/B e N/Cu – o aumento na absorção do nitrogênioprovoca maior crescimento, que pode acarretar diluição na concentraçãoN/Cue N/B, e consequentementeaumentam as relações N/B e N/Cu.
  • P/Mg – o magnésio é indispensável para a absorção do fósforo. Existem reações em que há armazenamento ou transferência de energia. Em compostos de fósforo há sempre participação do magnésio.
  • P/Cu, P/Fe, P/Mn, P/Zn” excessode fósforo provoca deficiência de cobre, ferro, manganês e zinco.
  • K/Ca, K/Mg, K/Mn – excesso de potássio inibe a absorção de cálcio, magnésio e manganês.
  • Ca/Mg, Ca/Mn – o cálcio é essencial para a absorção do magnésio e todos os outroselementos, entretanto,em excesso causa diminuição na absorção de diversos cátions, com K, Mg, Mn e alumínio tóxico.
  • Fe/Mn – excesso de ferro provoca diminuição na absorção do manganês e excesso de manganês provoca diminuição na absorção do ferro.

 

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