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domingo, abril 20, 2025
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Mosca-branca provoca danos e prejuízos ao tomateiro

Isabella Rubio CabralGraduanda em Ciências Biológicas – UNESP – Botucatu rubioisabella05@gmail.com

Maria Clezia dos Santosmariaclezia.stos@gmail.com

Yerly Dayana Mira Tabordadayana.taborda.br@gmail.com

Engenheiras agrônomas e doutorandas em Proteção de Plantas – UNESP – Botucatu

Sintomas da mosca-branca no fruto do tomate – Crédito: Luiz Bambini

As espécies de mosca-branca do complexo Bemisia tabaci são consideradas uma das pragas mais invasivas e devastadoras da agricultura mundial, em função dos danos expressivos causados a diversas culturas agrícolas, com destaque para a cultura do tomateiro.

Na prática, o ataque desses insetos sugadores reduz drasticamente a produtividade, compromete a qualidade do fruto, além da capacidade de transmitir diferentes espécies de vírus. Dessa forma, a melhor maneira de eliminar os problemas associados à infestação da praga é conhecer a sua forma de atuação e as estratégias de manejo mais eficientes, a fim de mantê-las em índices populacionais abaixo do nível de dano econômico.

Como identificá-la?

Em função do elevado potencial de adaptação da mosca-branca e a sua capacidade de voar longas distâncias, a influência da expansão dos monocultivos, aumento de aplicações de agrotóxicos e seleção de populações resistentes favorecem a multiplicação e disseminação dessas espécies, comprometendo as áreas de produção de tomate.

O desenvolvimento das moscas-brancas é hemimetabólico, passando pelas fases de ovo, quatro instares ninfais e adulto. O dorso do inseto é amarelo-pálido e os dois pares de asas são cobertos por uma pulverulência branca.

São insetos polífagos com alta adaptação e habilidade para colonizar mais de 600 espécies de plantas, além de possuir ampla distribuição geográfica.

Prejuízos e sintomas

As espécies de mosca-branca causam grandes perdas à produção de tomate, quando não controladas. Os danos causados estão relacionados à perda de produtividade, principalmente pela transmissão de geminivírus.

As plantas infectadas apresentam manchas cloróticas nas folhas e redução de florescimento. Os geminivírus transmitidos pela praga também ocasionam enrugamento das folhas terminais e nanismo das plantas.

Em plantas de tomateiro, a mosca-branca é apontada como uma das principais pragas da cultura, e o seu controle é dificultado pelo hábito do inseto em permanecer na face inferior das folhas.  Dependendo do grau de infestação, os danos podem representar perdas de até 100% nas lavouras.

Os danos diretos ocorrem pela constante sucção da seiva pelo inseto, que resulta em amarelecimento irregular dos frutos, além da alteração na consistência da polpa. Durante a alimentação, as ninfas e adultos do inseto excretam substâncias açucaradas, conhecidas como honeydew, que recobrem as folhas e servem de substrato para colônias de fungos. Como consequência, ocorre a diminuição da área fotossintética, prejudicando a produtividade e o desenvolvimento da cultura.

Importância do manejo

A mosca-branca em plantas de tomate, além de comprometer o desenvolvimento da planta pela injeção de toxinas capazes de estragar os frutos, também transmite viroses que afetam a produtividade das lavouras.

Tudo começa pelo monitoramento

Dessa forma, destacamos a importância no manejo correto para evitar prejuízos decorrentes dessa praga. O monitoramento correto e eficiente é uma etapa crucial para o sucesso das táticas de manejo, com possibilidade de redução de danos em até 85%. Por outro lado, a escolha de técnicas de controle inadequadas ou tardias podem ocasionar aumento da infestação do inseto.

Além disso, o uso de inseticidas sintéticos, base do controle desse inseto-praga, tem provocado pressão de seleção/evolução da resistência nas populações de mosca-branca, em decorrência da adoção isolada ou equivocada dessas moléculas. Assim, fica evidente a necessidade de recorrer ao manejo integrado para minimizar os prejuízos na lavoura e obter maior sucesso no controle da praga.

A escolha inadequada de manejo aumenta significativamente o custo de produção e anula os investimentos das estratégias de controle. Assim, vale ressaltar a importância do conhecimento a respeito das recomendações técnicas, diferentes sistemas de produção e especificidades da área em que se localiza a cultura.

O manejo da B. tabaci deve ser baseado no uso coordenado de práticas-chave, nos momentos necessários. O objetivo da integração de variedades de culturas resistentes, controles químicos voltados ao manejo da resistência a inseticidas, destruição de resíduos da colheita e outras práticas culturais, são considerados de alta prioridade para o manejo sustentável do tomate.

Estratégias de manejo

O manejo da mosca-branca no tomateiro constitui um grande desafio para o produtor rural, o qual tem como objetivo aumentar a produtividade, sem esquecer a qualidade e sustentabilidade da sua lavoura.

De maneira geral, a cultura do tomateiro é afetada principalmente pelos vírus transmitidos pela mosca-branca no período crítico da cultura, no qual as plantas são mais suscetíveis à infecção. Desta forma, para o sucesso no manejo da mosca-branca na cultura do tomateiro as estratégias devem ser realizadas desde antes do plantio até o final do cultivo, das seguintes formas:

– Evitar o plantio em locais com culturas vizinhas hospedeiras e com infestação da praga;

– Destruir plantas hospedeiras da área de plantio;

– Utilizar cultivares resistentes (à praga e/ao vírus);

– Plantio de mudas sadias, livres de infestação por ninfas e ovos;

– Monitorar a praga desde o plantio, através de inspeções e/ou o uso de armadilhas adesivas de coloração amarela;

– A identificação da espécie de mosca-branca é desejável para a correta indicação do produto;

– Utilizar diferentes táticas para o manejo da praga (controle químico e biológico).

Controle químico

Dentro das táticas de manejo, o controle químico é uma das formas mais eficazes e pode ser realizado com inseticidas tanto antes do plantio, com o tratamento de semente, como após, com pulverização foliar.

Os inseticidas mais comuns utilizados para o controle da praga são dos grupos: organofosforados (acefato, dimetoato e malationa), carbamatos (carbusulfano e cabofurano), piretroides (bifetrina e beta-ciflutrina), neonicotinoides (acetamiprido, imidacloprido, tiametoxam), diamidas (ciatraniliprole), tiadiazinonas (piriproxifem) e butenolidas (flupiradifurona) alternados ou em misturas, além de detergentes neutros, óleo mineral e inseticidas derivados de plantas.

Alguns inimigos naturais desempenham papel importante no controle biológico natural, como o parasitoide de ninfas Encarsia formosa, o ácaro predador Ambliseius tamatavensis e fungos entomopatogênicos. Esses, por sua vez, são promissores para o controle biológico aplicado. Atualmente, cerca de 20 produtos à base do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana estão registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Vale ressaltar que, conforme explícito na tabela 1, os custos para a aplicação das diferentes táticas variam de acordo a escolha de manejo, a fim de minimizar os prejuízos nas lavouras de tomate.


Dentre os principais erros no manejo da mosca-branca, destacam-se:

– Implantar a cultura em áreas de grande infestação da praga;

– Não eliminar as plantas hospedeiras;

– Realizar aplicação por calendário;

– Utilizar inseticidas do mesmo grupo químico;

– Aplicar inseticidas em doses acima da recomendada;

– Utilizar sempre inseticidas de amplo espectro.

Para o manejo correto da mosca-branca na cultura do tomateiro é fundamental realizar o monitoramento adequado da praga e adotar o nível de controle quando atingir 30% de folhas infestadas por ninfas. O produtor deve procurar assistência técnica especializada para planejar a implantação da cultura e conhecer os principais problemas que afetam a produção.

O produtor deve seguir as recomendações da bula e realizar a rotação do modo de ação dos inseticidas para diminuir as chances de induzir a resistência dos insetos aos inseticidas. Além disso, sempre que possível, utilizar inseticidas seletivos para preservar a população de inimigos naturais.

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