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Ácidos húmicos na batata disponibilizam nutrientes retidos no solo

 

Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilva@unipinhal.edu.br

 

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

As substâncias húmicas, que representam o resultado da decomposição da matéria orgânica, são compostas pelas frações humina, ácidos húmicos e ácidos fúlvicos. Os ácidos húmicos abrangem um complexo de substâncias que têm alta capacidade de troca catiônica; estrutura estável e grande capacidade de retenção de água.

Já os ácidos fúlvicos têm peso molecular relativamente baixo; apresentam entre 40 a 60% de carbono; 40 a 50% de oxigênio; 1% de nitrogênio; muitos radicais orgânicos, como: carboxílicos, fenólicos, hidroxifenólicos, hidroquinônicos, amínicos, amídicos, imídicos, porfirínicos, etc. e, ainda, alta capacidade de troca catiônica.

Ao se introduzir no solo as substâncias húmicas aumentará as cargas do perfil, beneficiando a capacidade de troca iônica e favorecendo a retenção de nutrientes no solo, o que melhorará a oferta dos mesmos às plantas.

Como tais materiais têm ação coloidal, eles promovem a estruturação do solo, por propiciarem aproximação e união das partículas e, consequentemente, aumentam a aeração e capacidade de retenção de água no perfil. O processo de agregação dos solos influi diretamente sobre outras características como, por exemplo, a densidade, porosidade, aeração, capacidade de retenção e infiltração de água no solo.

Os ácidos húmicos e fúlvicos melhoram as propriedades físicas efavorecem a retenção de nutrientes no solo, o que faz com que se diminua as perdas por lixiviação do nitrato, por exemplo.

 Por outro lado, o solo pode adsorver os ácidos orgânicos, como os ácidos húmicos e fúlvicos, com grande energia, ocupando os sítios de adsorção de fosfato, de zinco e de outros nutrientes, aumentando a disponibilidade destes nutrientes às plantas. Esses ácidos podem também formar complexos organometálicos estáveis, com Fe e/ou Al, que são elementos que precipitam o fósforo no solo, tornando-o indisponível.

 

Complexação de nutrientes

Especificamente quanto ao fósforo e o zinco, outro aspecto importante é que os ácidos húmicos complexam (sequestram) o cálcio solúvel e, assim, protegem os fosfatos da interação cálcio-fosfato e cálcio-zinco.

Entretanto, é conhecido que o benefício dos ácidos húmicos na disponibilização de nutrientes é transitória, o que faz com que adições constantes de tais ácidos orgânicos no solo sejam necessárias (sempre em doses adequadas). Tal fato deve-se à rápida mineralização de alguns ácidos orgânicos, liberando sítios de adsorção que retêm, novamente, o fósforo no solo.

Outro aspecto relevante é que os melhores resultados ocorrem quando a adição dos ácidos húmicos ocorre em conjunto com os fertilizantes ou, ainda, quando a aplicação dos ácidos orgânicos precede a adubação.

Experimentos em batata

No UniPinhal, em trabalho de conclusão de curso, o acadêmico de Engenharia Agronômica Rômulo Tadeu Godoi, estudou, em condições de campo, a influência da inclusão dos ácidos húmicos e fúlvicos na produção da batata (Solanumtuberosum) cvCaesar.

O ensaio com batata foi conduzido no Sítio São José, no município de Munhoz (MG), no período de fevereiro/maio de 2015. O delineamento estatístico empregado foi em blocos ao acaso com sete repetições e três tratamentos de 10 e 20 kg ha-1 aplicados por ocasião da adubação de plantio, por meio de formulado comercial que contém 20,1% de ácidos húmicos e 20,1% de ácidos fúlvicos.

Cada parcela experimental constituiu-se de quatro linhas de cinco metros, com espaçamento entrelinhas de 0,70 m e 0,25 m entre plantas.

Por ocasião da colheita avaliaram-se: peso e número de tubérculos comercializáveis, considerando-se um metro das duas linhas centrais (perfazendo 1,6 m2 de área útil). Os resultados obtidos no ensaio (figuras 1 e 2) mostram que tanto em relação ao número como à massa de tubérculos comercializáveis, o formulado com ácidos húmicos e fúlvicos mostrou-se eficiente.

Em relação à massa de tubérculos, os acréscimos de produção aproximaram-se de 50% ao se aplicar os ácidos húmicos.

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Qual escolher?

Os produtores vão encontrar formulações as mais diversas: produtos sólidos, sólidos solúveis ou líquidos. Muitas vezes, na garantia do produto está expresso carbono orgânico. Porém, é importante que se estejam incluídos os teores de ácidos húmicos e fúlvicos, pois as fontes de carbono orgânico são muito variáveis.

A aplicação pode ser entre a aração e a gradagem (quando em área total), localizada (em sulco de plantio), em pulverização, via drench ou fertirrigação, no plantio, e ainda na fase de desenvolvimento, floração e tuberização. O importante é seguir as recomendações de técnicos especialistas e conhecer resultados já obtidos com o uso do produto e com a forma de aplicação indicada.

Essa matéria você encontra na edição de julho 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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