Autores
Stefani Silva Bustamonte
stefanibustamonte@gmail.com
Thalita Helena Magalhães
thalitahmagalhaes@gmail.com
Alan Bordim de Oliveira
bordimalan@gmail.com
Graduandos em Engenharia Agronômica, UNESP/ FCAT
Pâmela Gomes Nakada Freitas
Engenheira agrônoma e professora assistente – UNESP/ FCAT
pamela.nakada@unesp.br

Todos os seres vivos necessitam de aminoácidos para sintetizar proteínas, enzimas e hormônios. Essas moléculas, por definição, possuem um carbono central ligado a um grupo nitrogenado (amina) e um grupo carboxílico.
Os aminoácidos em cadeias longas formam as proteínas e peptídeos e são também precursores de hormônios, nucleotídeos, polímeros de paredes celulares e coenzimas. As plantas podem conter até 300 aminoácidos diferentes, porém, apenas 20 deles são essenciais para sua manutenção e crescimento.
Os biofertilizantes à base de aminoácidos são produtos fitossanitários que contêm componentes ativos ou agentes biológicos que melhoram a produção e o desempenho fisiológico direta ou indiretamente das plantas. Este tipo de produto já é muito difundido em sistemas orgânicos de produção, já que é permitido nesta modalidade de cultivo.
Benefícios
O uso de aminoácidos pode diminuir a utilização de fertilizantes no campo e causar um efeito complexante com nutrientes e agroquímicos quando aplicados em conjunto, por meio do processo de quelatização. Assim, os aminoácidos podem melhorar a absorção de nutrientes de baixa mobilidade na planta, que por estar mais bem nutrida também torna-se mais resistente ao estresse hídrico e temperatura.
As plantas que recebem aplicação deste tipo de produto podem apresentar maior quantidade de substâncias benéficas à saúde. Portanto, é um produto natural que pode ser obtido por fermentação de fungos ou bactérias com substrato de resíduos industriais, sendo ótima ferramenta para sistemas sustentáveis.
A importância dos aminoácidos glutamina e glutamato, oriundos do ácido L-glutâmico no metabolismo do nitrogênio, é bem discutida na literatura, destacando-se seu papel na fixação biológica e no transporte do nitrogênio orgânico de fontes para drenos, atuando no crescimento e desenvolvimento das plantas, sendo estes aminoácidos os mais estudados em aplicação para a cultura do repolho.
Novidades
Os aminoácidos são transportados pela membrana plasmática da célula paralelamente à entrada de H+, tendo grande eficiência de absorção foliar pela planta, devido a sua grande permeabilidade na cutícula, podendo ser aplicado por pulverização em conjunto com outros produtos: fitossanitários ou fertilizante foliar, aumentando os benefícios de ambos os produtos. A outra via de absorção é pelo solo, e pode ser aplicado por fertirrigação.
Deve ser aplicado nos estágios iniciais da planta, potencializando desde o começo sua eficiência metabólica e, consequentemente, seu sistema de defesa, sendo também aplicado em momentos de estresse na planta.
A dose a ser aplicada varia em função do tipo de produto, e o agricultor deve receber auxílio de um engenheiro agrônomo ou ler atentamente a bula do produto, já que o tipo de aminoácido e a quantidade deles variam. É preciso também considerar o benefício que está sendo buscado para essas plantas no momento da escolha do produto, lembrando de considerar o clima da região.
Em termos de produtividade
Os aminoácidos têm apresentado bons resultados em termos de produtividade, com ganhos de até 20%, os quais se devem principalmente ao estímulo à síntese de proteínas, que torna a planta mais preparada para injúrias ambientais, melhora a absorção de nutrientes e o transporte nas vias metabólicas de hormônios e enzimas, acelerando seu crescimento.
Em estudo de Roder et al. (2014), os autores realizaram a aplicação de ácido L-glutâmico na produção de repolho e verificaram incremento linear na produção orgânica.
A partir dos aminoácidos são sintetizadas as proteínas, enzimas e hormônios, essenciais para o desenvolvimento de um ser vivo. Sendo assim, uma vez aplicado nas plantas, são considerados ativadores metabólicos, precursores de fitohormônios, atuam na função nutritiva, no caso da germinação de sementes, regulação de balanço hídrico, além de proporcionar formação de proteínas para as funções vitais da planta.
No campo, esses benefícios são observados com exatidão na formação do sistema radicular da planta, na resistência ao estresse hídrico e apresentam maior desenvolvimento da área foliar, resultando em maior produtividade, pois estão repletos de proteínas oriundas desses aminoácidos, não precisando gastar sua energia para produção.
Atenção
Os erros mais frequentes cometidos pelos produtores ocorrem no momento da aplicação do bioestimulante, destacando-se as condições climáticas, a regulação e a limpeza correta do equipamento, a dose de acordo com o produto e o tempo de vigência após o período de aplicação.
Esses erros devem ser evitados a partir de cuidados específicos do aplicador. Para complementar o seu conhecimento, deve-se adquirir práticas como a leitura dos rótulos dos produtos, pois é nessa parte que se encontram as informações necessárias para uma aplicação eficaz.
É importante agitar bem o produto antes de usar, e no preparo da solução ele deve ser adicionado sempre antes dos demais produtos. Outro ponto a ser considerado são as condições adequadas para aplicações foliares, como umidade relativa do ar (60 a 90%), temperatura (10 a 30ºC), velocidade dos ventos (aproximadamente 10 km h-1), bicos, vazão e pressão adequadas, entre outros. Nas dosagens recomendadas não há risco de causar fitotoxicidade.
Custo envolvido
No mercado são encontrados diversos fertilizantes líquidos para aplicação foliar que contenham aminoácidos – são muitos produtos e de marcas variadas com ampla faixa de preço, numa média em torno de R$ 60,00 por litro.
A dose recomendada para olerícolas folhosas varia de 100 a 200 mL para cada 100 L de água, cerca de 400 a 800 mL por hectare, devendo ser aplicado em intervalos de 15 a 20 dias, após a emergência. Considerando o ciclo do repolho, são realizadas de cinco a seis aplicações, totalizando um custo médio de R$ 120,00 a R$ 280,00 por hectare.
O uso de aminoácidos apresenta uma excelente relação custo-benefício. Considerando o custo total de produção do repolho em torno de R$ 20 mil a R$ 30 mil por hectare, o custo com produto, incluindo a mão de obra, não chega a 5% do custo total de produção, com um ótimo retorno ao produtor. Isso devido ao fato de proporcionar diversos benefícios, incluindo um menor gasto com aplicação de outros nutrientes, pois o uso de aminoácidos facilita a absorção e a translocação dos nutrientes na planta, além de estimular o desenvolvimento radicular, melhorando a absorção dos nutrientes e da água do solo.