Talis Melo Claudino – Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia – UNESP – FCA de Botucatu – t.claudino@unesp.br
Rodrigo Ferrari Contin – Mestrando em Agronomia – UENP – Campus de Bandeirantes

O armazenamento de grãos é fundamental para o agronegócio brasileiro, para que assim, após a colheita e a secagem os grãos sejam armazenados por um maior período, sem que suas caraterísticas se alterem.
O produto, após a armazenagem, tem seu valor nutritivo relacionado diretamente com as práticas de armazenagem, sendo que grandes prejuízos podem ser causados caso os cereais sejam contaminados por micotoxinas.
É demonstrado que grandes perdas das qualidades dos grãos ocorrem por fatores físicos, como a temperatura e a umidade de armazenamento, e os fatores biológicos, relacionados a microrganismos, insetos e roedores. Para a mitigação destes efeitos, o manejo adequado da estocagem de cereais é fundamental para todo o setor direta e indiretamente ligado ao comércio e à produção dos cereais.
Cenário brasileiro
Atualmente, em produção recorde, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento em 257,8 milhões de toneladas de grãos produzidos em 2020, a armazenagem é fundamental para a estratégia de logística e abastecimento, tanto para o mercado interno quanto externo. Envolvendo outros setores além do agrícola, requer estudo, planejamento e administração para que possa fluir e contribuir para o setor que mais impacta no PIB brasileiro.
Conhecida a produção, pode-se calcular o déficit de capacidade de armazenagem, já que a capacidade estática total de armazenamento se encontra em aproximadamente 162 milhões de toneladas. Assim, quase 100 milhões de toneladas de grãos estão vulneráveis às logísticas e vendas destes cereais.
O grande desafio é como tornar sustentável, de forma rápida, a deficiência de armazenamento estático, atendendo a demanda dos produtores rurais, para que eles corram menores riscos de perder sua produção por furos de armazenagens e administração dos recebedores de cereais.
Em déficit
Diante de uma supersafra, como ocorrida na safra de soja do ano agrícola 2019/20, a falta de armazéns adequados gera grande estresses entre agricultores, cooperativas e cerealistas, e soluções rápidas acabaram sendo tomadas, como grandes “piscinas” a céu aberto, com estruturas improvisadas de lona que aumentaram os custos e perda de qualidade dos grãos, assim como a utilização de grandes silos bolsas.
Todavia, a maior dificuldade e necessidade da secagem dos cereais antes do armazenamento faz com que ele seja armazenado somente ao atingir a umidade correta. O silo é um método alternativo ao produtor, viável a menores produtores, contudo, de grande risco de perdas significativas.
Na atualidade, caso todos os grãos de uma safra necessitem ser armazenados na forma física nos armazéns, aproximadamente ¼ da produção brasileira seria descartada, afetando diretamente a economia nacional e mundial.
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