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quarta-feira, janeiro 22, 2025
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Berinjela: Qual o manejo nutricional ideal?

Autores

Roberto Botelho Ferraz Branco
Pesquisador científico – APTA/Instituto Agronômico – Centro de Horticultura
branco@iac.sp.gov.br
Fotos: Shutterstock

A berinjela (Solanum melongena) é uma espécie pertencente à família das solanáceas, a mesma do tomate, pimentão, pimentas, jiló, entre outras. É originária da Índia, Birmânia e China. Na Europa foi introduzida pelos árabes e no Brasil pelos portugueses. É tipicamente tropical e favorecida pelo calor.

A cultura tem preferência por solos de textura média e pH 5,5 a 6,8. Para isso, se recomenda aplicação de calcário para elevar a saturação em bases do solo a 80% e o teor de magnésio a 9,0 mmolcdm3, preferencialmente 60 dias antes do transplantio das mudas. A aplicação deve ser realizada em área total e incorporado a 0,3 m de profundidade.

A adubação orgânica deve ser feita 30 dias antes do transplantio das mudas, com 15 a 30 t ha-1 de esterco de curral bovino ou 1/4 a 1/5 dessa quantidade de esterco de frango, suíno, ovino, caprino ou equino. Ressalta-se a necessidade desses fertilizantes orgânicos estarem curtidos para a adequada utilização. Em solos de baixa fertilidade se recomenda a aplicação de bokashi, na dose de 50 a 150 g m2, para restaurar a atividade microbiológica do solo. 

Plantio

A fertilização de plantio deve levar em consideração os nutrientes presentes no solo apresentados na análise química laboratorial na profundidade de 0 a 0,20 m do perfil do solo.  Dessa forma, a fertilização de plantio com os nutrientes nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), da cultura da berinjela é baseada na seguinte recomendação:

N P resina (mg dm3) K+ trocável (mmolc dm3)
0-25 26-60 61-120 >120 0–1,5 1,6-3,0 3,1-6,0 >6,0
Kg ha-1 P2O5 (kg ha-1) K2O (kg ha-1)
30 a 50 480 360 180 100 160 120 80 40

Fonte: Leite et al., 2018 (Boletim Técnico 250 – CATI)

No caso da fertilização fosfatada, recomenda-se 1/4 da dose na forma de termofosfato, o qual contém fósforo, cálcio, magnésio e micronutrientes. Recomenda-se, também, em função do resultado da análise do solo, a fertilização com micronutrientes boro (B), cobre (Cu), manganês (Mn) e zinco (Zn) no sulco de plantio da seguinte maneira:

B (mg dm3) Cu (mg dm3)
0–0,20 0,21–0,60 >0,60 0 – 0,2 0,3 – 0,8 >0,8
B (kg ha-1) Cu (kg ha-1)
2 1 0 2 1 0
Mn (mg dm3) Zn (mg dm3)
0–1,2 1,3-5,0 >5 0 – 0,5 0,6 – 1,2 >1,2
Mn (kg ha-1) Zn (kg ha-1)
2 1 0 2 1 0

Fonte: Leite et al., 2018 (Boletim Técnico 250 – CATI)

Na fertilização de cobertura, se recomenda a aplicação de 80 a 120 kg de N, 20 a 40 kg de P2O5 e 80 a 120 kg de K2O.

Cobertura

A fertilização de cobertura deve ser parcelada em oito a 12 vezes durante o ciclo de cultivo. A proporção dos nutrientes N:P2O5:K2O deve ser de 4:1:3 e 3:1:2 na fase de crescimento até o início da frutificação; e da frutificação até a colheita as proporções devem ser 3:1:4 e 2:1:3.

Assim, a quantidade dos fertilizantes deve ser aplicada nessas devidas proporções para atender as necessidades da cultura nos seus distintos estádios fenológicos de crescimento vegetativo, florescimento e frutificação.

Soluções

A fertilização dos cultivos está baseada principalmente em fertilizante granulados, os quais têm relação custo/benefício bastante interessante, aplicados no plantio e em cobertura, porém, em baixa frequência durante o crescimento das plantas.

Entretanto, fontes com elevada solubilidade dos nutrientes existentes no mercado permitem fornecê-los com elevada frequência durante o ciclo de cultivo pela água de irrigação (fertirrigação), o que eleva a produtividade da cultura e reduz impactos ambientais, como contaminação de recursos hídricos e salinização do solo. Também, existem fertilizantes à base de aminoácidos e matéria orgânica (ácidos húmicos e fúlvicos) que são solúveis e podem ser aplicados via fertirrigação.

Outra possibilidade que tem sido bastante divulgada é a possibilidade de remineralização do solo pela aplicação de pós de rocha, tecnologia que tem sido muito estudada e com resultados promissores para aumento da fertilidade química, física e biológica do solo e redução do uso de fertilizantes químicos nas lavouras.

Em campo

A fertilização da berinjela, assim como de outros cultivos, se bem planejada e conduzida, baseado em informações agronômicas disponíveis para técnicos e agricultores, muito possivelmente alcançará ótimos resultados de produtividade e rentabilidade econômica da produção.

Todas as tecnologias de fertilização dos cultivos, se bem utilizadas, com critério técnico definido e planejado, seguramente terá grandes resultados em produtividade. É difícil mensurar ganhos, mas a segurança do homem no campo é dependente da sustentabilidade econômica da atividade. Assim, o princípio básico de fertilização economicamente viável das culturas deve ser quesito básico para sustentabilidade do processo.  

Quando o agricultor é bem assessorado ou bem informado tecnicamente, os resultados de produtividade muito possivelmente aparecerão. Porém, ressalta-se que produtividade não é somente a produção física de determinado produto, no caso frutos de berinjela, e sim resultado de um sistema integrado ambiental, agrícola, social e financeiro.

Por isso a produção agrícola em harmonia com o ambiente é fundamental para sustentabilidade e da fixação do homem no campo. 


Fique atento

Os erros mais frequentes que se veem no campo são o uso excessivo e sem critério técnico de aplicação de fertilizantes ou corretivos. Isso acarreta, como vimos anteriormente, na salinização dos solos e contaminação dos recursos hídricos, além de causar desequilíbrio nutricional dos cultivos, reduzindo a produtividade das culturas.

No caso do cultivo de hortaliças em ambiente protegido, é comum encontrar solos salinizados devido à aplicação errônea de fertilizantes.

Esses erros podem ser evitados com informação técnica adequada para fertilização da berinjela, e ainda o conhecimento do agricultor com aspectos visuais de crescimento e sintomas foliares, assim como o estabelecimento e crescimento dos frutos da berinjela são fundamentais para detectar possíveis deficiências ou excesso de nutrientes, e dessa forma, tomar as devidas decisões.


Agricultura Conservacionista

Enfim, o bom manejo do solo é fundamental para agregar à técnica de fertilização das culturas. Então, princípios da ‘Agricultura Conservacionista’ de revolvimento mínimo do solo ou plantio direto, rotação de culturas e manutenção permanente de resíduos na superfície do solo são fundamentais para preservar e elevar a fertilidade do solo no tempo.

O custo da Agricultura Conservacionista primeiramente é a quebra de paradigmas, como preparo intensivo do solo e, segundo, de planejamento da propriedade para rotação de culturas. Posteriormente, o agricultor terá que ter habilidades de semear plantas de cobertura, como crotalárias, mucunas, milheto, sorgo e outras espécies que possam entrar no contexto da rotação. Isso é muito importante para a saúde do solo e prosperidade do homem no campo. 

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