Fabrício Elias Rodrigues – Graduando em Agronomia – Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF – Garça (SP) – fabricioeliasrodrigues@hotmail.com
Talita Silveira Amador – Bióloga, doutora em Botânica e professora – FAEF – Garça (SP) – talitamador@hotmail.com
Marcelo de Souza Silva – Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura e professor – FAEF – Garça (SP) – mrcsouza18@gmail.com

As plantas têm em sua composição mais de 60 elementos químicos, mas somente 17 deles são atualmente considerados essenciais. Estes são classificados como macro ou micronutrientes.
Os macronutrientes são utilizados em grande escala para produzir o corpo da planta e desenvolver os processos fisiológicos essenciais. Os micronutrientes geralmente são necessários em menores quantidades, pois são reciclados dentro da planta.
Os micronutrientes possuem grande importância na nutrição dos vegetais, no entanto, o uso desses elementos minerais de forma rotineira nas diferentes lavouras brasileiras ainda vem ganhando popularidade apenas nos últimos anos, com advento da exploração de áreas agrícolas do Cerrado, busca por aumento de produtividade, aparecimento de deficiências nutricionais induzidas, além do aperfeiçoamento das análises químicas de solo e folhas como diagnóstico de deficiência de micronutrientes.
Boro
Dentre os micronutrientes, o boro (B) é necessário para a nutrição de todas as plantas cultivadas. Suas principais funções estão relacionadas à síntese de clorofila, resistência do vegetal, desenvolvimento das paredes celulares, à divisão de células, germinação do grão-de-pólen e crescimento do tubo polínico, desenvolvimento de frutos e sementes, o que o torna imprescindível para fase reprodutiva da planta, além de estar ligado também ao transporte de açúcares e à síntese de reguladores vegetais.
Uma vantagem da presença do B em solos de regiões tropicais é que ele permite o maior crescimento radicular na presença de alumínio e, consequentemente, em solos ácidos, que é a maioria no território brasileiro. Essa é considerada uma das funções de maior importância deste elemento.
Algumas funções do B estão interrelacionadas com as do nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio nas plantas. Sua importância também se deve ao fato de ser o micronutriente cuja deficiência é uma das mais comuns entre as lavouras anuais e perenes no Brasil.
Linha direta para a produtividade
A necessidade de uma nutrição adequada de B é fundamental para maiores índices produtivos e, sobretudo, para se alcançar melhor qualidade da produção. As deficiências deste nutriente resultam em muitas alterações anatômicas, bioquímicas e fisiológicas nas plantas, como deformações de folhas, paralisação de crescimento apical, além da má formação de estruturas reprodutivas.
Geralmente, o teor de B em solo brasileiro é baixo, sendo absorvido pelas plantas preferencialmente na forma de ácido bórico (H3BO3) ou Borato (H4BO4), classificado como pouco móvel pela maioria das plantas.
Lavouras beneficiadas
Dentre as plantas cultivadas, as que melhor respondem à adubação com B são as leguminosas, apresentando ganhos significativos com o uso deste micronutriente. A soja (leguminosa) é uma das culturas mais exigentes em B, logo, são comuns os casos de recorrente deficiência nesta lavoura.
Esse fato não acontece na mesma proporção com as gramíneas, que apresentam resposta média, como o caso do milho. Na cultura do algodoeiro, o B é o micronutriente de maior importância. As culturas perenes, como citros e cafeeiro, também apresentam alta demanda por este micronutriente.
Manejo correto
O fornecimento de B às plantas pode ser realizada tanto via solo quanto foliar, com boa resposta das culturas quando as doses deste micronutriente no solo estão baixas (<0,20mg dm–³) ou até médias (0,20 a 0,60 mg dm–³).
A baixa eficiência da adubação com B pode estar associada com o período de baixa disponibilidade de água no sistema solo-planta. A falta de água diminui a aquisição de B pelas raízes das plantas, devido à redução do seu transporte no solo.
A transpiração é um fator-chave para a absorção e concentração de B no tecido vegetal, sendo que a redução no transporte de água pode limitar o fornecimento de B, promovendo a deficiência do nutriente, como ocorre no Cerrado brasileiro.
É importante destacar que a absorção de B via solo pode ser 3,5 vezes superior à absorção pelas folhas, fato que está associado à baixa mobilidade do B no floema, o que permite inferir que, ao ser incorporado em um determinado tecido vegetal (como as folhas), o B terá baixa translocação para suprir as necessidades das outras folhas e partes da planta. Sendo assim, sua deficiência é notória em folhas maduras.
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