Douglas José Marques – Doutor e professor de pós-graduação em Agronomia (PPGAGRO) e Agricultura e Informações Geoespaciais (PPGAIG) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – douglas.marques@ufu.br
Hudson Carvalho Bianchini – Doutor e professor de Fertilidade dos Solos e Nutrição Mineral de Plantas – Curso de Agronomia Unifenas – hudson.bianchini@unifenas.br
Dentre os nutrientes que nem sempre são lembrados pelos produtores está o micronutriente zinco (Zn), elemento demandado em pequenas doses (g/ha), quando comparado aos macronutrientes (kg/ha), mas tão importante quanto.
Em leguminosas como a soja, a carência de zinco limita a nodulação e a quantidade de N fixada. A soja é considerada uma cultura de média capacidade de resposta ao Zn. Além disso, a acumulação deste micronutriente na soja é lenta nos primeiros 30 dias após semeadura, sendo que sua máxima acumulação é observada aos 60 a 90 dias, o que pode acarretar diferentes respostas da cultura quando o Zn for aplicado em diferentes épocas de desenvolvimento.
Carência de zinco limita nodulação
Para a obtenção de alta produtividade na cultura da soja, é necessário compreender a ecofisiologia da produção, imaginando a planta com um corpo único. O desenvolvimento da cultura pode ser dividido em dois períodos: o vegetativo, desde a semeadura até o florescimento e o reprodutivo, do florescimento à colheita.
As raízes absorvem água e nas folhas o processo de fotossíntese acontece. As raízes, além da função primária de sustentação, absorção de água e nutrientes, também são um nicho ecológico para microrganismos simbiontes e organismos livres associados à rizosfera.
Nas raízes, são encontrados nódulos resultantes da interação simbiótica com bactérias do gênero Bradyrhzobium, onde aconteça a fixação biológica de nitrogênio. Os nódulos podem ser visualizados logo após a emergência da plântula, mas só serão efetivos em V2, atingindo o auge em R2, quando ocorre um processo intenso de remobilização do N das partes vegetativas para os órgãos reprodutivos.
Dessa forma, a demanda de nitrogênio na cultura da soja é atendida quando se faz, na semeadura, a inoculação das sementes com bactérias do gênero Bradyrhizobium.
Aproveitamento do zinco
O zinco (Zn) é absorvido pelas plantas na forma de Zn2+, tanto por via radicular como foliar, estando ativamente envolvido em uma ampla gama de processos metabólicos, incluindo síntese e degradação de carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos, além da desintoxicação de radicais livres, sendo importante na regulação da expressão gênica. Além de seu envolvimento em processos metabólicos, o Zn é um componente estrutural essencial de mais de 300 enzimas.
O Zn está envolvido no processo de fixação simbiótica de nitrogênio, pois desempenha um papel fundamental na formação das raízes, estando envolvido com as auxinas. O Zn atua na biossíntese do triptofano, que é um precursor das auxinas, portanto, controla a produção de reguladores de crescimento e participa da síntese do aminoácido triptofano, precursor do AIA (Ácido Indol Acético), um hormônio do crescimento.
O Zn pouco se transloca dentro da planta e os sintomas visuais de sua deficiência aparecem primeiro nas folhas novas, por meio de uma clorose internerval seguida de redução de crescimento. Pelo fato de o Zn manter a estrutura e a integridade da membrana e de controlar a permeabilidade, também protege a planta contra vários patógenos.
Sintomas de deficiência
Em plantas deficientes nesse micronutriente, as membranas tornam-se permeáveis, de tal modo que os carboidratos e os aminoácidos são liberados, atraindo patógenos e insetos tanto para as raízes quanto para as brotações.
Os sintomas visuais de deficiência de zinco são caracterizados pela coloração amarelo-amarronzada nas folhas, redução do tamanho das folhas jovens e pela presença de internódios mais curtos. A deficiência de Zn na soja reduz a atividade da enzima glutamato desidrogenase, podendo afetar a fixação biológica por bactérias fixadoras de nitrogênio.
A volta ao equilíbrio
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