Rafael Rosa Rocha – Engenheiro agrônomo e mestrando em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) – rafaelrochaagro@outlook.com
Como combater a mosca-branca de vez? Esta é a dúvida que está presente no dia-a-dia de agricultores, principalmente sojicultores. Quando o manejo contra esta praga não é realizado da maneira correta, a produtividade dos grãos sai “voando pelos ares”.
A mosca-branca suga a seiva e expele um líquido açucarado. Esses açúcares acabam caindo na folha do terço médio baixeiro da planta, e isso favorece o aparecimento de fungos oportunistas, do gênero Capnodium, que levam ao surgimento da fumagina.
E não há uma única solução para os problemas fitossanitários, mas sim um conjunto de táticas que, colocadas em prática simultaneamente, visam reduzir as populações da praga e mantê-las em índices populacionais abaixo do nível de dano econômico.
Reconhecimento da praga
O ciclo biológico da mosca-branca é dividido na fase de ovo, um primeiro instar da ninfa, no qual o inseto se locomove por alguns minutos, até localizar o local mais adequado na planta, para então se fixar.
Posteriormente, as ninfas passam por três instares imóveis, sendo o último instar incorretamente denominado de “pupa” ou “pseudo-pupa” e, finalmente, os adultos (machos e fêmeas). A fêmea tem a capacidade de postura que vai de 100 a 300 ovos, durante todo seu ciclo de vida, que é variável e dependente da alimentação e temperatura.
A fase de ovo dura cerca de cinco a sete dias, quando ocorre o início da eclosão das ninfas. Entretanto, esse tempo, em geral, pode variar em função das condições climáticas e do hospedeiro.
Prejuízos
Os prejuízos de B. tabaci na soja, em geral, decorrem da sucção da seiva, da excreção de um honeydew (melado) rico em açúcares que serve de substrato para o desenvolvimento do fungo fumagina (Capnodium spp., Capnodiaceae) capaz de afetar a fotossíntese, e pela transmissão de viroses.
Na lavoura de soja há a perda de quatro sacas por hectare, caso a sua incidência tenha início já nos primeiros estádios de desenvolvimento da planta.
Segundo a entomologista da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Lucia Vivan, a cada safra tem-se visto um aumento na incidência da população de mosca-branca nas lavouras mato-grossenses, em especial de soja e algodão, porém, pode ser encontrada no feijão, tomate, entre outros, enfatizando a importância de se redobrar os cuidados.
Sintomas
Os danos causados pela mosca-branca podem ser diretos ou indiretos. O processo alimentar do inseto se inicia com a penetração intercelular dos estiletes através de tecidos foliares do mesofilo até atingir o floema, onde ocorre a sucção de seiva elaborada, consistindo em um dano direto no vegetal.
Além disto, o inseto pode provocar fitotoxemias pelo seu processo alimentar, com alterações fisiológicas na planta. Contudo, os principais danos responsáveis por perdas na lavoura são os indiretos.
Como dano indireto, pode-se ter a formação de fumagina sobre as folhas, favorecida pela excreção do líquido açucarado por B. tabaci sobre o órgão vegetal, o que acarreta a perda de área fotossintética, prejudicando a produção e a qualidade dos frutos da planta, além da transmissão de vírus.
É grande a quantidade e variabilidade de fitovírus transmitidos por B.tabaci, em torno de 111 vírus, pertencentes a várias famílias. Os principais grupos e os de maior importância econômica são os dos gêneros Begomovirus e Crinivirus.
Os vírus transmitidos por B. tabaci representam um sério problema fitossanitário em diversas culturas agrícolas. Atualmente, este inseto tem causado danos altamente significativos devido à sua característica polífaga, alta capacidade reprodutiva e, principalmente, pelo desenvolvimento de resistência a alguns inseticidas, o que dificulta o controle em campo.
Regiões mais afetadas
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