Laís Naiara Honorato Monteiro – Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Horticultura e professora – Centro Universitário de Votuporanga (UNIFEV) – laismonteiiro@gmail.com
Pedro Henrique Gatto Juliano – pedrohenriquegj2@gmail.com – Graduando em Engenharia Agronômica – UNIFEV
Thaís Vitor Dias – Graduanda em Engenharia Agronômica – Centro Universitário de Votuporanga (UNIFEV) e analista de planejamento e desenvolvimento agronômico – thaisvdiasagronomia@gmail.com

No Brasil, as espécies do grupo das cucurbitáceas têm grande importância econômica e social, por terem boa adaptação às condições edafoclimáticas e por fazerem parte da alimentação de várias regiões brasileiras.
A abóbora cabotiá, também chamada de abóbora japonesa ou do tipo “Tetsukabuto”, é um híbrido interespecífico, ou seja, é resultado do cruzamento entre a abóbora moranga (Cucurbita máxima), atuante como progenitor feminino e a abóbora (Cucurbita moschata), como progenitor masculino.
Características
Com qualidade de polpa superior às abóboras e morangas, a abóbora cabotiá exibe aspectos de destaque, como maior precocidade, uniformidade, além de melhor produtividade. Essas vantagens têm sido relevantes para os produtores no momento de escolha da espécie olerícola a ser cultivada, pois além de características importantes no campo, a abóbora cabotiá apresenta menores perdas pós-colheita, devido ao seu fruto ter melhor tempo de prateleira.
Os frutos de cabotiá apresentam coloração externa verde-escura, além de textura rugosa. São frutos globulares e moderadamente achatados, os quais podem atingir o peso de até 3,0 kg cada.
Frutificação
O potencial de frutificação da abóbora cabotiá depende da produção de suas flores femininas e do processo de polinização e fecundação dessas flores. O início do florescimento se dá em torno de 35 dias após o plantio, podendo se estender por mais 35 dias devido ao híbrido ser monoico, pois, embora a cabotiá produza flores femininas e masculinas na mesma planta, estas últimas são consideradas macho-estéreis.
Dessa maneira, a abóbora cabotiá não é fértil, pois não possui pólen. Por isso, para produzir frutos desse híbrido, deve-se usar uma polinizadora, podendo ser outras variedades de abóbora ou moranga, ou seja, plantios adjacentes e concomitantes de acessos de C. moschata ou C. maxima, as quais irão fornecer o pólen para plantas de cabotiá, onde ocorrerá a polinização cruzada realizada por insetos polinizadores, como as abelhas.
Técnicas de polinização
A eficiência de insetos polinizadores não ultrapassa 60%, mesmo com apiários introduzidos na área. Em casos onde não houve a fecundação das flores por polinização artificial, o produtor pode considerar tal alternativa, porém, frutos polinizados naturalmente em sua maioria possuem baixo valor de mercado, sendo, em alguns casos, destinados à alimentação animal.
O plantio simultâneo de plantas polinizadoras pode ocupar até 20% da área cultivada. Geralmente, utiliza-se a proporção 4:1, ou seja, quatro ruas de plantas de abóbora cabotiá para uma rua de polinizadora.
Atualmente, o espaçamento de 3,0 m entre linhas e 1,0 a 1,5 m entre plantas é o mais utilizado na cultura da abóbora cabotiá. Maiores espaçamentos são recomendados em plantios nas estações da primavera e verão e em solos com boa fertilidade, devido ao elevado desenvolvimento vegetativo e produtivo que as plantas apresentam.
Pesquisas revelam maior eficiência da moranga cultivar Exposição, na formação e produção dos frutos de abóbora cabotiá. No entanto, a eficiência da polinização não é obtida somente com o uso dessa cultivar, sendo a utilização de reguladores de crescimento recomendada para garantia de maior porcentagem de fecundação.
Os reguladores de crescimento à base de 2,4-D são amplamente utilizados por produtores que buscam realizar polinização artificial em abóbora cabotiá. Esses reguladores apresentam efeitos semelhantes às auxinas ou ao ácido indol-acético, presentes naturalmente nas plantas.
Ressalta-se que a aplicação desse produto deve ser realizada durante a manhã, devido à abertura das flores das cucurbitáceas ocorrer uma única vez durante algumas horas neste período do dia, apresentando-se em antese e receptivas para fertilização. A polinização deve ser feita com um jato rápido, com vazão de 2,0 ml, no interior das flores femininas abertas.
Palavra de produtor
De acordo com Jair Batista de Oliveira, proprietário da fazenda Triângulo no município de Américo de Campos – SP, a associação do 2,4-D com plantio de 8% da moranga “Exposição”, resultou em aumento de 68% do peso dos frutos de cabotiá.
Jair menciona que “a aplicação de 2,4-D nas flores femininas aumentou o índice de pegamento dos frutos, sendo que esta é realizada sempre no início da manhã (das 6 até às 10 horas).” Na fazenda Triângulo, 1,0 ml de produto 2,4-D é diluído em cinco litros de água.
Cuidados
O produtor que deseja cultivar e obter altas produtividades da abóbora cabotiá deve se atentar ao produto comercial utilizado e ao pegamento dos frutos, sendo necessário realizar ajustes na concentração devido à composição e porcentagem de 2,4-D existente em cada produto.
Além disso, é importante que não ocorra mistura de 2,4-D com outros princípios ativos, ou ainda, não permitir que o produto caia nas folhas das plantas.
Outro fator que requer atenção e não deve ser realizado é o plantio das polinizadoras no mesmo dia do plantio das híbridas, pois não há coincidência na floração entre elas. Então, para que aconteça sincronização no florescimento, se a polinizadora for a moranga “Coroa” ou “Exposição” (C. maxima), esta deve ser semeada sete dias antes da abóbora cabotiá.
Se utilizar abóbora “Menina Brasileira”, “Canhão”, “Caravela”, “Jacarezinho” ou “Baianinha” (C. moschata), deve ser semeada em torno de duas semanas antes da cabotiá.
A correta identificação de flores femininas e flores masculinas também é fundamental no sucesso da técnica. A utilização correta destas técnicas de polinização refletirá no desenvolvimento, qualidade, produtividade e padronização dos frutos e sementes, sendo que, quando associados com manejo que atenda às necessidades fisiológicas da variedade utilizada, podem resultar em maior valor comercial.
Além disso, a irrigação adequada, quando combinada com outras tecnologias de adubação e polinização artificial, podem incrementar significativamente a produção e qualidade dos frutos, promovendo aos agricultores um alto retorno econômico.
Para o uso racional da irrigação, deve-se considerar aspectos edafoclimáticos, como o próprio clima, o tipo de solo e a fase do ciclo da cultura, devendo ser mais frequentes e com menor volume nos estádios iniciais do desenvolvimento da planta, e com menor frequência e maior volume no início da frutificação até ao início da maturação dos frutos.
Perspectivas de mercado
Além dos benefícios com a rotação de culturas e redução do monocultivo que os produtores têm observado, o mercado consumidor está em constante busca por alimentos mais saudáveis, sendo que a introdução destas dietas na vida das pessoas se tornou um aliado na demanda de produtos agrícolas.
Além disso, o mercado consumidor também aprecia produtos que tenham sabor relevante, o que a abóbora cabotiá tem apresentado devido a sua qualidade organoléptica, incluindo textura, cor, sabor e rápido cozimento.
Investimento x retorno
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