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quarta-feira, janeiro 22, 2025
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Desafios no controle da traça-do-tomateiro

Crédito Franciely Ponce

Franciely da Silva Ponce
Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Horticultura – UNESP
francielyponce@gmail.com
Claudia Aparecida de Lima Toledo
Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP
claudia.lima.toledo@gmail.com
Santino Seabra Júnior
Engenheiro agrônomo, PhD e professor – Universidade Estadual do Mato Grosso-(UNEMAT)
santinoseabra@hotmail.com

A tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae), também conhecida como traça-do-tomateiro, é a praga de maior importância no cultivo de tomate da atualidade. Devido ao difícil controle e severidade dos danos, pode proporcionar perdas de até 100% aos cultivos.
A traça-do-tomateiro se alimenta de plantas da família das Solanáceas, como a batata, o jiló, berinjela e no cultivo do tomateiro tem dificultado sobremaneira a atividade, fazendo com que alguns produtores abandonem as lavouras.
Trata-se de uma praga que ressurgiu após um período de 10 anos que vinha sendo controlada de maneira eficiente por meio do controle químico, com o uso de inseticidas do grupo das Diamidas.

Controle eficiente

O controle químico é a principal ferramenta utilizada no controle da traça-do-tomateiro, no entanto, devido à seleção de populações resistentes aos principais inseticidas utilizados, são feitas várias aplicações semanais visando o controle efetivo, o que aumenta ainda mais a pressão de seleção, além de reduzir a população de inimigos naturais.
O controle da traça-do-tomateiro tem sido um grande desafio nos últimos anos e representa um dos principais entraves à produção, principalmente de tomate.

Identificando a praga

A traça-do-tomateiro tem quatro fases de desenvolvimento: ovo, lagarta, pupa e adulto, com ciclo de vida que pode durar de 24 a 76 dias, conforme a temperatura. Os ovos são depositados normalmente na face inferior das folhas, no entanto, em infestações severas, podem ser encontrados em toda a superfície da folha, nas brotações, flores, caule, hastes e frutos.
As lagartas fazem galerias nas folhas, ficando protegidas, dificultando o controle eficiente por meio da aplicação de inseticidas. As lagartas normalmente empupam no solo, no entanto, as pupas podem ser encontradas no interior da galeria, ou mesmo aderidas a outras partes da planta.

Prejuízos

Os danos da traça-do-tomateiro são observados primeiramente nas folhas, onde as lagartas recém-emergidas perfuram e constroem galerias, alimentando-se do conteúdo foliar (mesofilo), reduzindo a fotossíntese e, consequentemente, a produção.
Os danos podem ocorrer em brotações, prejudicando a emissão de novas folhas e flores, e no caule comprometendo o fluxo de água e nutrientes. Os danos às flores prejudicam o pegamento dos frutos, ou levam ao abortamento das flores.
As lagartas se alimentam também dos frutos, o que compromete a produção e a qualidade. Frutos brocados têm baixa aceitação no mercado, além disso, os ferimentos causados pela traça-do-tomateiro são porta de entrada para doenças e apodrecimento, além de reduzir o tempo de prateleira e comprometer o aspecto visual e qualidade, tornando o controle da praga essencial para garantir a produção de frutos saudáveis.

Alerta

Entre os fatores climáticos que mais afetam a infestação de traça-do-tomateiro, temperaturas de ± 30°C favorecem a reprodução, com maior oviposição e sobrevivência dos indivíduos.
Além disso, com o aumento da temperatura, o metabolismo dos insetos acelera, reduzindo o ciclo da praga e proporcionando mais gerações por ano. Em locais com temperatura entre 15 e 20°C, a oviposição é menor e o ciclo é prolongado.
O monocultivo, aliado à não destruição dos restos culturais, favorece a permanência da praga nas lavouras. Mesmo em plantas secas as lagartas de traça-do-tomateiro conseguem completar o ciclo de desenvolvimento, reinfestando a área.
Em cultivos comerciais, é comum observar a formação de novas lavouras, próximas a lavouras antigas, o que permite a migração dos insetos de uma área para outra, sendo indispensável a destruição das plantas em final de ciclo, além da divisão da área em talhões para facilitar a organização da área e instalação de novos cultivos afastados de lavouras velhas.

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