Autores
Letícia Galhardo Jorge – Bióloga e doutoranda em Botânica/Fisiologia Vegetal – IBB/UNESP – leticia_1307@hotmail.com
Bruno Novaes Menezes Martins – Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura – FCA/UNESP e professor do Centro Universitário Sudoeste Paulista (UNIFSP) – brunonovaes17@hotmail.com

A suplementação com silício em diferentes culturas vem sendo utilizada estrategicamente pelos produtores para aliviar efeitos negativos de estresses bióticos e abióticos.
O silício é considerado um elemento benéfico aos vegetais, uma vez que não é absolutamente necessário para que o ciclo vegetal seja completado. Entretanto, sabe-se que a deposição e o acúmulo de sílica podem estar ligados à capacidade das plantas de combater os danos causados por estresses bióticos, como o ataque de pragas, e abióticos, como o déficit hídrico.
A suplementação com silício pode trazer inúmeras vantagens a diferentes culturas, como por exemplo, alterações na anatomia da planta, como a formação de células epidérmicas mais grossas e maior grau de lignificação e/ou silicificação; à maior resistência ao acamamento; aumento da taxa fotossintética, do número de folhas, do diâmetro de caules e tamanho de plantas; maior resistência a condições adversas, causadas por situações de estresse biótico e abiótico, como menor efeito deletério provocado pela geada; menor taxa de evapotranspiração (em situações de déficit hídrico); favorecimento de nodulação em leguminosas; ativação de enzimas e efeitos na composição mineral.
Além disso, os benefícios do silício incluem melhor absorção de fósforo e aumento da tolerância à toxidez por Al, Mn e Fe, contribuindo para o melhor incremento da produtividade das culturas.
Ação direta
Um ponto de destaque atribuído ao silício é a sua atuação na arquitetura das plantas, uma vez que, ao se depositar na parede celular dos órgãos vegetais, ocorre a formação de uma dupla camada protetora de sílica-cutícula e sílica-celulose, contribuindo para o enrijecimento da parede.
Este fato favorece a fotossíntese ao proporcionar folhas mais eretas, permitindo maior penetração de luz solar, maior absorção de CO2 e diminuição da transpiração, ocorrendo assim maior eficiência e incremento da taxa fotossintética, resultando em incremento na produtividade.
Em defesa das plantas
O fato de o silício contribuir para o fortalecimento e a rigidez da parede celular por meio do formação da dupla camada protetora de sílica-cutícula e sílica-celulose também faz com que esse elemento atue na defesa das plantas contra infestação de pragas e doenças, formando uma barreira de resistência mecânica à invasão de fungos e bactérias para o interior da planta, dificultando também o ataque de insetos sugadores e herbívoros.
Além da barreira de resistência mecânica, devido à acumulação na epiderme das folhas, há uma proteção ativa induzida por este elemento dentro das células vegetais, demonstrando que o Si começa uma sequência de reações que iniciam mecanismos de defesas bioquímicas na planta infectada, ativando genes envolvidos na produção de compostos secundários do metabolismo, como os polifenóis, e enzimas relacionadas com os mecanismos de defesa das plantas.
Em condições de estresse salino e falta de água, o silício pode garantir a integridade e estabilidade da função da membrana celular. Esse elemento é capaz de contribuir para a manutenção da integridade das membranas dos cloroplastos e condutância estomática da planta, mesmo em solo seco, devido à redução da transpiração pela cutícula, ou seja, o elemento pode contribuir com a redução da exigência de água pelas plantas devido à diminuição da transpiração, acumulando-se abaixo da cutícula foliar, e atuando, portanto, como amenizador de déficit hídrico.
O que você precisa saber
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