Aline da Silva Bhering – bheringas@gmail.com
Carlos Antônio dos Santos – carlosantoniods@ufrrj.br
Engenheiros agrônomos e doutores em Fitotecnia/Produção Vegetal – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Margarida Goréte Ferreira do Carmo – Engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia e professora – UFRRJ – gorete@ufrrj.br
A couve-flor é uma hortaliça que se destaca como um alimento de baixo teor calórico e muito rico em nutrientes – sais minerais, vitaminas e substâncias nutracêuticas. Seu consumo tem aumentado nos últimos anos devido à busca constante da população por uma alimentação mais saudável e balanceada.
Em resposta ao aumento da demanda pelo mercado consumidor, tem-se observado uma ampliação no cultivo e produção de couve-flor. A couve-flor é, dentre as brássicas, a que tem maior valor de mercado. Por outro lado, é uma cultura exigente em fertilidade, temperatura e cuidados durante o ciclo e pós-colheita e que, portanto, requer maiores cuidados nas diferentes etapas do processo de produção e comercialização.
Requerimentos climáticos
A produção de couve-flor no Brasil é feita de forma mais acentuada nas regiões sudeste e sul, principalmente nos períodos e regiões de clima mais frio e em áreas de maior altitude. Segundo dados do IBGE, os Estados de São Paulo (36.368 toneladas) e do Rio de Janeiro (36.219 toneladas) destacam-se como os maiores produtores nacionais de couve-flor, seguidos pelo Paraná (17.182 toneladas), Santa Catarina (12.569 toneladas), Minas Gerais (12.418 toneladas) e Rio Grande do Sul (11.628 toneladas).
Cultivares adaptadas
A couve-flor é uma espécie originária de regiões frias e de clima ameno e que requer, em média, temperaturas entre 14 e 20ºC para a formação das inflorescências, órgão de interesse comercial e também conhecido como “cabeças”.
Os avanços recentes no melhoramento genético permitiram o desenvolvimento de novas cultivares tolerantes a temperaturas mais elevadas e assim, a ampliação das épocas e locais de cultivo. Atualmente, tem sido possível o cultivo de couve-flor praticamente durante o ano todo em algumas regiões brasileiras, o que é um ponto positivo para os produtores, que conseguem ter melhor flexibilidade no escalonamento da produção e melhores preços em determinadas épocas do ano, e para consumidor, pela possibilidade de consumo ao longo do ano.
No mercado de sementes, é possível encontrar atualmente cultivares de couve-flor de “inverno”, “verão” e de “meia-estação”. Estes são grupos de cultivares específicas para cada época de plantio e que diferem quanto à exigência de frio.
O produtor, no entanto, deve se atentar às exigências específicas da cultivar a ser escolhida para plantio em sua região e época do ano. É sempre interessante uma avaliação prévia sobre o desempenho local da cultivar e ajustes da melhor época de plantio visando a obtenção de melhores resultados.
Inovações
O desenvolvimento de cultivares mais adaptadas foi um dos fatores mais importantes para o aumento da produção e da qualidade da couve-flor no Brasil nas últimas décadas. Dentre os atributos ou vantagens de algumas destas novas cultivares estão maior precocidade, maior vigor, melhor tolerância ao calor e oscilações de temperatura, melhor qualidade comercial, como inflorescências (cabeças) mais compactas e uniformes, cores diferenciadas e inovadoras, e resistência a doenças, especialmente a podridão-negra (Xanthomonas campestris pv. campestris).
Cuidados com as mudas
A qualidade das mudas de couve-flor é um fator importante para e assegurar elevada produtividade nas lavouras. O produtor poderá produzir suas próprias mudas ou adquiri-las de um viveirista.
Nas principais regiões produtoras de couve-flor, tem sido observado como tendência a especialização de alguns produtores na arte de produzir mudas. Em ambos os casos, as mudas devem ser produzidas preferencialmente em estufas fechadas e teladas, com uso de bandejas sanitizadas, substrato e água de boa qualidade.
Estes cuidados visam a prevenção de problemas fitossanitários e a garantia da qualidade das mudas. A depender da cultivar e condições locais, as mudas ficam prontas geralmente aos 25 dias após a semeadura.
Estudos demonstram que a utilização de mudas produzidas em bandejas com células de maior volume, como exemplo a bandeja com 128 células (35 cm3 por célula), é uma estratégia interessante para o cultivo de couve-flor no período da primavera-verão e em áreas de ocorrência acentuada da doença hérnia das crucíferas (Plasmodiophora brassicae).
Manejo
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