Rafael Rosa Rocha – rafaelrochaagro@outlook.com
Rayla Nemis de Souza – rayla.ns@outlook.com – Engenheiros agrônomos e mestrandos em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola (UNEMAT)
Marla Silvia Diamante – Doutora em Agronomia/Horticultura – UNESP – marlasdiamante@gmail.com

Inseto considerado praga-chave para muitas culturas da família das Brassicaceae, como o repolho, couve-flor, couve e brócolis, a traça-das-crucíferas (Plutella xylostella), microlepidóptero, causa severos danos às culturas, podendo inviabilizar 100% das plantas.
Pode ocorrer durante todo o ano, entretanto, períodos de ausência de chuvas e temperaturas em torno de 22°C favorecem o crescimento da população desse inseto. Os danos causados pela traça-das-crucíferas tornam o produto final impróprio, depreciando-o de tal forma que as larvas, assim que eclodem, penetram no interior da folha, raspando a face inferior e construindo galerias. Em seu estágio mais avançado, perfuram e desfolham a cultura.
Estágios da praga
O ciclo médio do inseto, do ovo-adulto, é de 11 a 22 dias e o período larval entre seis a 14 dias. Ovais e achatados, os ovos da traça-das-crucíferas (Plutella xylostella) são depositados unicamente ou em pequenos grupos de dois a dez ovos, tanto na camada superior como na camada inferior das folhas, preferencialmente em depressões, e muito raramente nos caules e pecíolos.
Ao longo do seu desenvolvimento, as larvas permanecem bem pequenas e ativas. Exceto durante o primeiro estágio, em que minam o tecido da folha, as larvas se alimentam vorazmente na superfície.
As pupas da traça-das-crucíferas estão cobertas por um casulo branco, solto e acetinado, geralmente formado nas folhas inferiores ou exteriores. Frequentemente, estas pupas se colam nas folhas e se escondem em ranhuras perto dos botões.
No caso da couve-flor e do brócolis, é possível que as pupas se formem nos floretes. As traças não têm grande capacidade para voar e podem dispersar-se, em média, entre 13 e 35 km num campo de cultivo. No entanto, as traças podem ser deslocadas pelo vento, a uma distância entre 400 e 500 km durante uma noite.
Desafios
Algumas das dificuldades observadas no controle desta praga se devem ao fato de as áreas de cultivo coexistirem durante o ano todo, com plantas de diferentes idades, proporcionando à praga quantidade abundante e contínua de alimento.
Além disso, devido ao seu hábito alimentar, a fase larval encontra-se protegida no interior da folha. A medida mais utilizada pelos produtores é o controle químico, consistindo da pulverização com inseticidas específicos, registrados para a cultura, havendo só para a cultura do repolho mais de 40 produtos registrados.
No entanto, os custos, a dificuldade de controle (as gotas pulverizadas não conseguem atingir eficientemente o alvo, devido à preferência do inseto pela parte abaxial – inferior – das folhas), o risco de contaminação e a resistência da praga (razão do uso indiscriminado e sucessivo de aplicações) são alguns fatores que contribuem para a falta de sucesso.
Manejo sustentável
No manejo biológico, produtos à base da bactéria Bacillus thuringiensis, fungo Beauveria bassiana, ou ainda a liberação de parasitoide de ovos, como a vespa Trichogramma sp. são empregados no controle das traça-das-crucíferas.
As vespas parasitoides de ovos Trichogramma sp. são uma viável alternativa que vem sendo adotada pelos produtores de crucíferas, resultando em uma eficiente alternativa, devido à sua fácil criação em massa em laboratório e sua associação com a espécie-praga.
Assim que liberadas, as fêmeas dos parasitoides detectam os ovos das pragas-alvo e depositam ali seus ovos (dentro dos ovos das pragas). A larvas do Trichogramma sp. se alimentam do conteúdo interno dos ovos, e depois de oito a 10 dias ocorre a emergência dos adultos, deste modo, não permitindo nascer mais lagartas e reduzindo, assim, a população da praga.
Segundo indicações da Embrapa, o uso do Bacillus thuringiensis em conjunto, um a dois dias após aplicação do Trichogramma sp., é uma estratégia para aumentar a eficiência no controle da praga, pois em torno de 60% dos ovos são efetivamente controlados pelos parasitoides e o Bt, então, irá agir nas lagartas que conseguiram se formar dos ovos eclodidos, não parasitados.
Medidas culturais
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