Autores
Natalia Nayale Freitas Barroso
nataliaff.agro@gmail.com
Luana Keslley Nascimento Casais
luana.casais@gmail.com
Rhaiana Oliveira de Aviz
rhaianaoliveiradeaviz@gmail.com
Graduandas em Agronomia – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Luciana da Silva Borges
Doutora e professora – UFRA e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (Hortizon) e Núcleo de Pesquisa em Agroecologia (NEA)
luciana.borges@ufra.edu.br
O uso de técnicas inovadoras apresenta um grande avanço em relação às práticas tradicionais de sistemas de cultivo no solo. Uma delas é o uso de substratos embalados em plásticos na produção de mudas de pepino (Cucumis sativus L.), conhecidas como ‘slabs’, que consistem em um saco com dimensões de 1,50 m x 50 cm de largura e, quando cheios, ficam com 30 cm de diâmetro.
A capacidade do material suporta de 50 a 60 litros de substrato, possibilitando o cultivo de cerca de cinco plantas de pepino, dentre os quatros tipos existentes no mercado: caipira, conserva, aodai e o japonês. O período de colheita se inicia entre 40 e 60 dias após a semeadura, dependendo das condições nutricionais da planta, e posteriormente são colhidos com 12 e 14 cm de comprimento em geral.
No campo
Os slabs podem ser implantados em casas de vegetação, ou em outra área que esteja com uma boa cobertura. É necessário preparar a estrutura de madeira que sustentará os slabs, Em seguida é preparado o substrato que ficará armazenado em sacolas de 1,0 m de altura, 30 cm de largura e 15 cm de diâmetro, utilizando fertilizantes orgânicos e/ou fertilizantes especiais.
É importante, também, se atentar às cultivares de pepinos que melhor se adaptam ao clima da região. O fruto é de cultura de clima ameno ou quente, porém, se for protegido é possível manter a produção durante todo o ano.
O plantio das plântulas deverá ser feito nas embalagens com o substrato previamente saturado. Após a saturação dos substratos são feitos orifícios nos quatro cantos da embalagem, onde serão inseridas as mudas, já devidamente preparadas na parte superior dos plásticos onde se planta, com furadeira e serra-copo de 50 a 60 mm de diâmetro, onde serão dispostas em um espaço variando de um metro de altura e espaçamento de 50 cm por planta.
Substrato e irrigação
O substrato serve de suporte para as plantas fixarem suas raízes, e ainda retém o líquido que disponibilizará os nutrientes às plantas. Um substrato, para ser considerado de qualidade, deve conter alguns requisitos básicos, como elevada capacidade de retenção de água, e deverá ser acondicionado em embalagens de filme tubular, preferencialmente de cor branca.
É preciso, ainda, observar os períodos de irrigação, que no início deve ser com pouca água, e ir aumentando gradativamente ao longo do desenvolvimento das mudas. No cultivo protegido do pepino semi-hidropônico, em substrato artificial, a irrigação a ser utilizada deve ser por gotejamento.
Esta irrigação é localizada em cada planta e tem como vantagens: alta eficiência de aplicação, economia de água, energia e mão de obra, permite automatização, fertirrigação e não interfere nos tratos fitossanitários. O slab não pode sofrer encharcamento, para evitar doenças fitopatológicas e podridão do sistema radicular.
Vantagens
Essa técnica inovadora tem como vantagem principal o replantio da cultura por vários ciclos, o que já é um fato vantajoso para os produtores. Ainda, tem como vantagem a colheita antecipada, que também é um salto no ganho de tempo e em elevação de números na produtividade, diminuindo o tempo de produção e mantendo a mesma qualidade do pepino.
Desafios
O principal desafio da produção de pepino em slabs, sem dúvidas, está no pouco tempo de descoberta e utilização no mercado agrícola. O pepino é um exemplo de sucesso em adaptação ao slabs com boa produtividade.
Novidades
Alguns agricultores no Sul do Brasil optaram por inverter os slabs, deixando as bolsas plásticas na vertical, suspensas. Desta forma o sistema radicular da planta se desenvolve mais e, consequentemente, a parte aérea. Então, há economia e o reaproveitamento de quase 70% da água utilizada, aliados ao menor uso de agrotóxicos na produção, deixando evidente a viabilidade do sistema.
Lembrando que o principal erro é a falta de capacitação do produtor e de seus funcionários na elaboração do projeto. No entanto, por ser uma prática inovadora, os cursos profissionalizantes específicos para essa área ainda são escassos na maioria das regiões.
Cuidados
Como as mudas estarão em sacos plásticos cheios de substratos, como: restos culturais, palhas de arroz, pó de serragem, etc., é imprescindível o cuidado na hora de fazer a irrigação nas mudas para evitar o encharcamento da mesma.
Outro ponto que deve ser lembrado é quanto aos furos no plástico para colocar as mudas, que devem ser um pouco maiores do que o diâmetro do caule da planta para evitar sufocamento.
Além disso, para que o negócio seja lucrativo, é necessário ter conhecimento técnico e de fisiologia, em que o principal fator de sucesso é o bom manejo, que está intimamente ligado aos valores elevados de produtividade. Eventuais falhas, em alguma das partes desta infraestrutura, podem representar grandes perdas na produção.