De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, 2019), a produção mundial de abacaxi em 2017 foi de 27,4 milhões de toneladas. Foi constatado crescimento de 12,52% na produção da fruta no período entre 2012 a 2017.
Nesse período, foram produzidos em todos os continentes aproximadamente 154,6 milhões de toneladas da fruta. A principal região produtora é o continente asiático, com 43,63% da produção da fruta (67,4 milhões de toneladas), seguida das Américas, com 36,91% (57,04 milhões de toneladas) da disponibilidade do abacaxi. A região africana é a terceira maior produtora, com representação de 19% da produção mundial (29,4 milhões de toneladas). A Europa e Oceania simbolizam um percentual ínfimo na produção.
No Brasil
O Pará é o maior produtor de abacaxi do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com base em uma produtividade de 22.726 unidades por hectare, o fruto conferiu ao Estado renda de R$ 566.650 milhões. A fruta é cultivada em uma área de 18.779 hectares.
Floresta do Araguaia, Conceição do Araguaia e Salvaterra são os municípios que lideram a produção. Além deles, outras 13 cidades se destacam na abacaxicultura, o que não significa, porém, que a cultura não esteja presente em outras localidades do Pará, uma vez que a maior parte da produção é fruto da agricultura familiar.
Grande parte da produção de abacaxi paraense é voltada pra frutos “de mesa”, ou seja, o fruto in natura, que chega às mãos do consumidor nas feiras e mercados, e é exportado para outros Estados da Federação.
Além da comercialização da fruta, parte da produção de abacaxi paraense é industrializada na forma de suco e exportada para os EUA e Europa por uma fábrica de suco de abacaxi localizada no município de Floresta do Araguaia, gerando dividendos ao município.
Ranking
Dividem com o Pará o pódio da produção nacional de abacaxi os Estados da Paraíba e Minas Gerais. O Pará lidera o ranking nacional de produção, com 426.780 milhões de frutas. Paraíba ocupa a segunda colocação, com 334.880 milhões, enquanto Minas Gerais está no terceiro lugar, com a produção anual de 192.189 milhões de abacaxis em uma área plantada de 6,4 mil hectares. Os números integram o último levantamento agrícola divulgado pelo IBGE, em 2019.
A produtividade média, em Minas Gerais, é de 30,1 mil frutos/ha, superando a média brasileira. Minas se destaca, também, por plantar as duas principais cultivares que atendem ao mercado interno e externo, tanto para mesa como para indústria, respectivamente, o abacaxi pérola quanto o smooth cayenne (havaiano).
Rastreabilidade
O comércio de abacaxi paraense dentro e fora das fronteiras nacionais só é possível graças à rastreabilidade do fruto. Ou seja, sua cadeia produtiva está organizada e passível de acompanhamento desde o momento da produção até a comercialização do fruto, o que garante ao consumidor informações sobre a origem e as práticas de produção do produto consumido.
Custo produtivo
O custo de produção tem relação direta com a tecnologia utilizada no plantio. Além disso, de maneira resumida, oferece meios para conhecer o processo de comercialização dos insumos e da mercadoria final, bem como indica o modelo de gestão e a rentabilidade obtida pelo produtor.
Custo operacional de produção do abacaxi
Discriminação Santa Rita (PB) Conceição do Araguaia (PA) Arapiraca (AL)
Produtividade: 44 t/ha Produtividade: 27,5 t/ha Produtividade: 21,3 t/ha
Tecnologia: média Tecnologia: média Tecnologia: média
Safra: 2019/20 Safra: 2019/20 Safra: 2019/20
R$/ha
Custo/t Parti- cipação (%)
R$/ha
Custo/t Parti- cipação (%)
R$/ha
Custo/t Parti- cipação (%)
Aluguel de Máquinas – – – 450,00 16,36 3,58% – – –
Mão de obra 12.247,50 278,35 46,61% 5.420,00 197,09 43,17% 11.508,25 239,76 43,92%
Adminstrador 79,84 1,81 0,30% 89,80 3,27 0,72% 249,52 5,20 0,95%
Fertilizantes 4.575,40 103,99 17,41% 1.714,50 62,35 13,66% 5.172,00 107,75 19,74%
Agrotóxicos 1.950,30 44,32 7,42% 592,60 21,55 4,72% 2.925,14 60,94 11,16%
Embalagens e Utensílios – – – 294,00 10,69 2,34% 599,40 12,49 2,29%
Mudas 4.320,00 98,18 16,44% 2.700,00 98,18 21,51% 2.250,00 46,88 8,59%
Total custeio 23.173,04 526,66 88,19% 11.260,90 409,49 89,70% 22.704,31 473,01 86,64%
Despesas Financeiras
Despesas administrativas 695,19 15,80 2,65% 337,83 12,28 2,69% 681,13 14,19 2,60%
Assistência Técnica 454,09 9,46 1,73%
CESSR 803,88 18,27 3,06% 460,69 16,75 3,67% 840,00 17,50 3,21%
Total outras despesas 1.499,07 34,07 5,71% 798,52 29,04 6,36% 1.975,22 41,15 7,54%
Despesas Financeiras
Juros de Financiamento 802,29 18,23 3,05% 227,11 8,25 1,81% 1.021,33 21,28 3,90%
Custo variável 25.474,40 578,96 96,95% 12.286,53 446,77 97,87% 25.700,86 534,43 97,89%
Depreciações 765,00 17,39 2,91% 193,14 7,02 1,54% 390,00 8,13 1,49%
Manutenção Periódica Benef/Instal. 33,60 1,22 0,27%
Encargos Sociais 36,40 0,83 0,14% 40,94 1,49 0,33% 113,76 2,37 0,43%
Custo fixo 801,40 18,21 3,05% 267,68 9,73 2,13% 503,76 10,50 1,92%
Custo operacional 26.275,80 597,17 100,00% 12.554,21 456,51 100,00% 26.204,62 545,93 100,00%
Os custos de produção de abacaxi na localidade de Conceição do Araguaia e região de abrangência (março/2019), que inclui o maior município produtor nacional da fruta – Floresta do Araguaia, indica que o processo produtivo se caracteriza por utilizar média tecnologia, tendo como resultado a produtividade de 27,5 toneladas por hectare.
Pode-se perceber que o custeio refere-se a 89,70% do custo operacional. O custo variável tem participação em torno de 98% do custo operacional, o que denota que é baixo o ativo imobilizado do produtor.
A produção se destina à industrialização e para consumo fresco. O destino é o mercado interno e externo, o que induz à diversidade da qualidade do abacaxi colhido. A preparação do solo, o trato cultural, o uso de nutrientes e o combate às pragas e doenças são percebidos, mas pode-se deduzir que o processo produtivo tem como base a experiência do produtor, pois não se observam gastos com assistência técnica.
Nota-se que a compra de mudas é outro fator com forte participação no custeio (21,51%), o que sinaliza a existência de produtores com especialização na formação de mudas, que são parte dos fornecedores de insumos para o plantio.
De acordo com estudos realizados pela Conab entre 2017 e 2019, a produtividade tem se mantido constante, o que indica a implantação de pacote tecnológico padrão, o que impede a melhoria do rendimento. O problema com a eficiência produtiva pode ter relação com o momento apropriado de plantio, a preparação do solo, a escolha da cultivar, o cuidado com os tratos culturais, a eficiência da colheita e o uso da mão de obra qualificada.
O que se observa é que há uso intensivo de mão de obra, o que demonstra a sua importância no processo produtivo. Esse gasto representa 43,17% do custeio. De acordo com a Embrapa (2013), a mão de obra é utilizada em todas as etapas produtivas, mas deve-se destacar o processo de colheita, que exige equipes como cortadores, carregadores, tratadores e arrumadores.
O custo de produção em Santa Rita (PB) e a área de abrangência, também de março/2019, indica que o custeio, mesmo representando 88% do custo operacional, se apresenta 28,61% maior do que em Conceição do Araguaia.
O que explica a situação é o custo de mão de obra no município paraibano, que se apresenta maior em cerca de 41%, e os gastos com fertilizantes, que são superiores em 66,78% em relação ao custo paraense. A vantagem de Santa Rita se mostra no resultado da produtividade, que atinge 44,0 toneladas por hectare.
Nessa localidade, percebe-se que a produtividade também tem se mantido constante e o custo de produção não tem se alterado nas safras analisadas. Essa situação pode ser interpretada como uso de método padrão de plantio e colheita, o que tem influenciado nos resultados. Também nessa região não se observa a utilização da assistência técnica.
Fontes:
FAO
IBGE
Agência Pará