Mesmo
ocupando apenas 7% da área agricultável do Brasil, a agricultura irrigada
responde por cerca de 40% do valor gerado pela produção agrícola no País,
segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O
dado revela o forte potencial da atividade junto ao agronegócio brasileiro, com
um ganho de produtividade que pode ser até o dobro por hectare. Mas para
usufruir de tudo o que a irrigação pode oferecer, o produtor precisa seguir
etapas de estudo e planejamento, que irão garantir essa alta produtividade, e
ficar atento aos trâmites legais junto aos órgãos ambientais como outorgas e
licenciamento de equipamentos.
De acordo com Tiago Villani, gerente corporativo de irrigação da Pivot, marca
líder nacional na comercialização de sistema de irrigação, um primeiro e
importante passo é a realização de estudos por meio de consultoria
especializada, para se definir, não apenas o tipo sistema adequado à cultura e
ao regime climático da região, mas também o que é melhor para o tipo de propriedade
que se tem e o nível de produtividade que se pretende atingir.
“A primeira coisa que o produtor deve levar em conta é o que ele busca, se é
estabilidade do plantio, crescimento da produção. Depois, entender que tipo de
cultura a sua região permite. É fundamental buscar uma consultoria
especializada que irá fazer um levantamento detalhado da propriedade, saber o
que pode ser irrigado, qual o melhor sistema, se há uma fonte adequada e
suficiente de água. Um consultor especializado irá, inclusive, detalhar o payback do investimento a
ser feito”, explica o gerente da Pivot.
Um sistema de irrigação não é exclusividade de grandes propriedades. Tiago
Villani afirma que áreas de qualquer tamanho e em qualquer lugar do país podem
contar com alguma das várias tecnologias disponíveis e que se adaptam às
condições da propriedade e do cultivo a ser produzido. “Ter uma propriedade
pequena ou média não inviabiliza a instalação de irrigação. Podemos sempre
colocar o sistema que melhor se encaixa na realidade de cada área.”, esclarece.
Licenciamentos e ortogasApós o estudo que definirá o sistema mais adequado para a propriedade e o
tipo de cultura, o que irá proporcionar melhor aproveitamento de área,
levantamento da quantidade de água necessária e se a propriedade tem uma fonte
suficiente, o produtor deve procurar um consultor ambiental que, tendo esses
estudos, irá ingressar nos órgãos ambientais para solicitar a outorga [de uso
da água], licenciamentos dos pivôs e liberação do projeto. “Esse consultor
ambiental deve orientar, sobretudo, em relação a qual a disponibilidade hídrica
da sua bacia hidrográfica e se o projeto que foi elaborado segue as premissas
necessárias para ter a aprovação do órgão ambiental competente. Vai depender do
tipo de bacia hidrográfica onde será feita a captação”, acrescenta Tiago
Villani.
O gerente corporativo da Pivot ainda explica que todo e qualquer tipo de
captação de água que vá interferir no sistema hídrico de uma região ou
localidade precisa ter licenciamento junto aos órgãos competentes.
“Independentes do tipo de sistema a ser usado, o produtor precisa seguir esses
trâmites ambientais”, esclarece.
Obtidas a outorga e demais licenciamentos ambientais, o próximo e último passo
é a elaboração de um projeto executivo de irrigação e a implantação do mesmo.
“Nessa etapa o produtor começa a comprar e encomendar os equipamentos para o
seu projeto, que é personalizado, por isso entre a elaboração do projeto,
aquisições e o envio das peças pelas fábricas há um prazo médio entre cinco e
seis meses até o início efetivo da operação”, informa Tiago.
Tipos de sistemasSegundo explica Tiago Villani, os sistemas de irrigação mais comuns se
classificam em três tipos: por aspersão, onde se inclui o sistema de pivô
central; a irrigação localizada, em que se usa com frequência os sistemas de
microaspersão e o gotejamento. Há também as irrigações por inundação,
bastante utilizadas para lavouras de arroz. “Como trabalhamos com todos os
sistemas de irrigação existentes, temos uma equipe de especialistas completa,
que esclarece desde o momento da pré-instalação, que é quando se define qual é
a melhor estratégia para essa ou aquela propriedade, até a manutenção do
sistema”, destaca o gerente.
Nos últimos anos, o sistema de irrigação por pivô central superou o método por
inundação, muito utilizado para cultivo de arroz e que até então ocupava a
maior área irrigada no País. Abrangendo mais de 1,5 milhão de hectares,
sendo bastante usado para o cultivo de hortifrutis e cana-de-açúcar, os pivôs
centrais cobrem atualmente a maior parte das terras irrigadas no Brasil,
Segundo dados do Atlas da Irrigação Brasileira de 2020, documento da Agência
Nacional das Águas (ANA). Ainda conforme a ANA, o sistema de inundação atinge
atualmente pouco mais de 1,3 milhão de hectares. Já os demais sistemas, como o
de irrigação localizada por gotejamento que é muito usado em culturas
frutíferas e cultivo de alguns tipos de grãos, cobrem uma área superior a 334
mil hectares.