João Carlos Nunes – Engenheiro agrônomo, mestre e consultor – STI Consultoria em TS – sticonsultoria.ts@gmail.com

Com o advento de novas tecnologias, o milho tem apresentado ganhos consistentes em produtividade. Por outro lado, apesar deste aumento de produtividade, ainda temos grande potencial de crescimento de produtividade (Conab 2021).
A obtenção de uma população de plantas e distribuição espacial adequada é base para obtermos o melhor potencial produtivo. Abordo aqui alguns pontos que contribuem para a produtividade: proteção das plântulas contra pragas iniciais e o uso de oxido de zinco pelo tratamento de sementes.
Por onde começar
O diagnóstico prévio e correto da situação é crucial para definir a escolha da tecnologia de controle de pragas mais adequada ao ambiente onde vamos cultivar o milho. O manejo integrado de pragas (MIP) é fundamental, uma vez que o controle químico de insetos vetores de doenças e danos à fisiologia da planta é muito difícil.
Por isso, é importante evitar plantios tardios escalonados em áreas próximas, pois são situações que favorecem a sobrevivência dos insetos-vetores e dos patógenos, servindo de ‘ponte verde’.
Como os danos mais severos ocorrem no estabelecimento da cultura, medidas de controle na fase inicial protegem o período mais crítico, podendo também evitar a explosão populacional do vetor para os estágios subsequentes.
Assim, o monitoramento da área e a análise das informações de safras anteriores é determinante para um bom manejo integrado de pragas, com a escolha do método de proteção das plântulas de milho. Dentre várias pragas que atacam as plântulas de milho, destacamos o complexo de percevejos e cigarrinhas.
Soluções
Os principais inseticidas para tratamento de sementes são: neonicotinoides (clotianidina, tiametoxam e imidacloprid), fipronil do grupo pirazol e antranilamidas (ciantraniliprole e clorantraniliprole).
Para sugadores (percevejos, cigarrinhas, pulgões e tripes) usam-se neonicotinoides, que, adicionalmente, possuem ação sobre algumas pragas mastigadoras (vaquinhas, mosca-das-sementes, cupins e alguns corós). Por essa razão, se destacam como os mais utilizados para tratamento de sementes de milho.
Por outro lado, mesmo com maciça adoção de biotecnologia para controle de lagartas, temos importante utilização de antranilamidas e pirazóis, principalmente no controle de elasmo e corós. Este uso ocorre principalmente em áreas sujeitas a constantes veranicos na fase inicial da cultura, a exemplo de MT, MS, GO e Matopiba.
Outro importante uso de antralamidas é no controle inicial da lagarta-do-cartucho, tanto em áreas de refúgio de milho convencional como para proteção de híbridos com tecnologias Bt. Usam-se neonicotinoides associados com pirazóis, antranilamidas e carbamatos para ampliar o espectro de controle de pragas.
Percevejos
É correto afirmar que o percevejo é uma praga considerada de difícil controle, dada a intensa pressão com que ocorre e seu potencial de dano à cultura do milho. Os percevejos (Dichelops, Euschistus e Nezara), durante sua alimentação, introduzem seu estilete, perfurando o colmo para sugar a planta e, ao mesmo tempo, injetam toxinas na planta.
Os sintomas mais comuns são: furos assimétricos no limbo foliar, folhas murchas, folhas centrais retorcidas (“encharutamento”), plantas deformadas, amareladas e dominadas, iniciados por murchamento das folhas centrais (sintoma conhecido por “coração morto”) e pode terminar com secamento total.
Um monitoramento efetivo e respectivo manejo da lavoura na pré-semeadura é fundamental para obtenção de um melhor resultado de controle, tendo em vista que muitas vezes estes insetos, neste momento, já se encontram presentes na lavoura, contribuindo para uma pressão inicial muito intensa, dificultando seu controle.
Grigolli e outros (2016) demostraram que a aplicação de inseticidas na dessecação pré-colheita de soja e imediatamente após a semeadura do milho reduziu o ataque de Dichelops melacanthus em plantas de milho.
A pulverização foliar com inseticidas específicos logo após a germinação, mesmo com a utilização do tratamento de sementes, é fundamental para reduzir da melhor forma os possíveis danos às plantas.
Cigarrinhas
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