Givago Coutinho – Doutor em Fruticultura e professor efetivo – Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado) – givago_agro@hotmail.com
A família Vitaceae, à qual a videira pertence, possui cerca de 11 gêneros e mais de 450 espécies. Dentre estas, algumas chamam atenção em relação ao interesse econômico, sendo elas: Vitis Labrusca L. (videiras americanas), Vitis vinifera (videiras europeias) e as híbridas Vitis spp. (Albuquerque, 2003).
Na vitivinicultura brasileira têm sido cultivadas variedades da espécie V. vinifera, de origem europeia e conhecidas como uvas europeias ou finas e também variedades originárias dos Estados Unidos, conhecidas como uvas americanas, comuns ou rústicas e pertencentes principalmente às espécies V. labrusca e V. bourquina.
Ainda, são conhecidos híbridos interespecíficos, ou seja, de espécies diferentes, visando a produção de uvas ou como porta-enxertos devido a sua resistência a pragas e doenças e envolvendo espécies diversas, como V. riparia, V. rupestris, V. berlandieri, V. champini, V. aestivalis, dentre outras (Camargo et al., 2008).
Neste sentido, a Embrapa Uva e Vinho vem conduzindo um Programa de Melhoramento Genético da Videira desde 1977, com base, sobretudo, em hibridações, com o objetivo de desenvolver cultivares de uva para mesa, elaboração de vinho e suco (Ritschel et al., 2015), como é o caso da ‘BRS Melodia’, que atraiu a atenção ao ser testada nos parreirais do semiárido nordestino e que foi desenvolvida especialmente para consumo in natura.
Origem
A ‘BRS Melodia’ é resultado do cruzamento entre ‘CNPUV 681-29’ [‘Arkansas 1976’ X ‘CNPUV 147-3’ (‘Niágara Branca’ X ‘Vênus’)] X ‘BRS Linda’, realizado em 2004, na Embrapa Uva e Vinho, Estação Experimental de Viticultura Tropical (EVT), em Jales no estado de São Paulo.
Desenvolvida para o consumo de mesa, a ‘BRS Melodia’, além de não possuir sementes e apresentar coloração rosada das bagas, apresenta também sabor característico, que envolve um mix de frutas vermelhas, visando conquistar consumidores que buscam um sabor diferenciado, apresentando também entre 17 e 18°Brix no teor de açúcares nas bagas (Ritschel e Maia, 2019).
Diferenciais dessa uva
Seu cultivo envolve o uso de cobertura plástica. Pode-se afirmar que esta cultivar exige um manejo simplificado, quando comparado com cultivares consideradas tradicionais, como a ‘Itália’.
Além disso, apresenta tolerância média ao míldio, oídio e podridões de cacho, tendo alta tolerância à antracnose (Ritschel e Maia, 2019). Vale lembrar que, segundo a Embrapa, o míldio (Plasmopara viticola) constitui a principal doença fúngica da videira.
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