Thiago Feliph Silva Fernandes – Engenheiro agrônomo e mestrando em Produção Vegetal – Universidade Estadual Paulista (UNESP) – thiagofeliph@hotmail.com
Emanuel Bonfim de Abreu Franca – Engenheiro agrônomo – Universidade Federal da Amazônia (UFRA) – emanuel.agro@outlook.com
Lucas Guilherme Araujo Soares – Técnico agrícola e graduando em Engenharia Agronômica – UFRA – lucasifpa@gmail.com
Bianca Cavalcante da Silva – Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Ciências do Solo – FCAV/UNESP – bianca.cavalcante@unesp.br
A produção de mudas com boa qualidade é uma etapa de grande importância para o estabelecimento e, posterior sucesso do empreendimento agrícola. Para atingir tal objetivo, tão importante quantos os métodos empregados, os insumos agrícolas e a água utilizada são essenciais para produção de mudas superiores, pois a combinação de fertilizantes e água irá atuar em diversos processos metabólicos, que proporcionarão o desenvolvimento dos vegetal (Tais & Zeiger, 2004).
A nutrição é responsábel pelo crescimento e desenvolvimento das plantas, favorecem processos fisiológicos e bioquímicos no ciclo de vida do vegetal, proporcionando resistência a pragas e doenças, bem como incremento na sua capacidade produtiva.
No entanto, uma adubação desbalanceada é tão prejudicial quanto a falta de um nutriente (Martins et al., 1998). Entre os principais problemas gerados pelo desequilíbrio nutricional podemos citar o efeito antagônico, inibição competitiva na absorção de nutrientes, predisposição à doenças, excesso de vigor, estresse por salinidade, toxidez, elevação do potencial hidrogeniônico (pH) e contaminações ambientais, consequentemente, elevando o custo de produção. Por isso, é importante seguir os princípios da lei do mínimo na adubação.
Água
Outro insumo importante para a formação de mudas superiores é a água. Muitas vezes negligenciada pelos produtores-viveiristas, a qualidade da água, assim como a quantidade, é um parâmetro importante.
Antileo et al. (2006) e Almeida (2010) explicam que os principais parâmetros a serem avaliados na qualidade da água podem ser definidos em função de uma ou mais características físicas, químicas e/ou biológicas, tais como: pH, cor, turbidez, oxigênio dissolvido, sólidos totais, nitrato, nitrito, fósforo e coliformes termotolerantes.
Dentre essas características, os problemas relacionados à salinidade, à toxidade de íons específicos, presença de partículas minerais e substâncias orgânicas são os mais recorrentes. A salinização afeta diretamente o desenvolvimento da planta, em função da redução do potencial osmótico da solução, com a diminuição de água e um acentuado acúmulo de sais solúveis, sódio trocável ou ambos (Sertão, 2005; Ribeiro et al., 2009; Mendes et al., 2008).
Outro fenômeno impactante na qualidade da água é a presença de altas concentrações de sódio (sodicidade). Prejudicial às propriedades físicas e químicas da solução, o excesso de sais de sódio ocasiona elevação do pH, redução ou falta de oxigenação radicular e um significativo aumento da suscetibilidade de doenças nas plantas (Cavalcante et al., 2010; Dias & Blanco, 2010; Epstein & Bloom, 2006).
Porém, quando se tem o fornecimento de doses equilibradas com água de qualidade, combinado ao modo de aplicação, há ganhos significativos e redução de custos de produção.
Entre os métodos de aplicação, a fertirrigação assegura menor desperdício de água, aplicação direcionada na região de maior concentração do sistema radicular das plantas, uma quimigação mais eficiente, fracionamento das doses, além de manter os teores uniformes de fertilizantes durante o ciclo de vida da planta.
Novidades
Há inúmeras novidades tecnológicas no setor de fertirrigação para viveiros que tornam o sistema mais automatizado, resultando em uma maior precisão e mais assertivo o manejo dos insumos.
A área de pesquisa mais forte neste campo é a automação. Quando você programa todo o processo de fertirrigação em um computador, torna o operador (viveirista) do sistema capaz de controlar todas as funções de uma vez, por meio de um software, em qualquer lugar e/ou no escritório.
Esse sistema já é realidade, principalmente em países como Israel, em que demonstrações de equipamentos de irrigação e fertirrigação remotos foram recentemente apresentados ao público.
Outra tendência em fase de desenvolvimento e aperfeiçoamento é a aplicação de Wireless Sensor Networks (WSN) que, traduzindo para o português, seria Redes de Sensores Sem Fio (RSSF), para o monitoramento de condições ambientais com conhecimento definido (conectado a um banco de dados a partir de uma série temporal).
São usadas para estimar o crescimento de plantas e mudas a partir da correlação do monitoramento em tempo real do ambiente e propriedades físico-químicas do solo (no caso, o substrato) (Mohanraj et al., 2017).
Nessa mesma linha de estudo, há o sistema automatizado, que injeta fertilizantes líquidos diretamente na tubulação da irrigação a partir de dados como condutividade elétrica, concentração de sais e necessidade da cultura em tempo real. Esse tipo de sistema utiliza sensores e programação, de modo que a solução é fornecida às plantas com base na demanda, em vez de uma programação arbitrária (Jani et al., 2021).
Vale ressaltar que esses sistemas mencionados anteriormente são apenas um pequeno leque que está ligado ao conjunto de tecnologias integradas e conectadas, inserida na agricultura 4.0.
Manejo da fertirrigação
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